Plágio no embalo de Eduardo & Mônica

Dizer que o vídeo online da Vivo baseado na ‘música-saga’ Eduardo & Mônica é um dos mais vistos do mundo – com 1,5 milhão de acessos no portal YouTube em apena um dia – atraiu cobiça. Com o vasto mundo da internet à disposição, alguém rapidamente localizou ação bem similar. E, para desgraça da operadora espanhola Vivo e da sua agência de propaganda, a Africa do Grupo ABC, a aplicação anterior tem roteiro idêntico.







A canção consagrada pela banda Legião Urbana na década de 80 foi usada pela operadora de telefonia ATL (Algar Telecom Leste) para vender o telefone celular. A empresa, que atendia no Rio de Janeiro e Espírito Santo foi comprada há seis anos foi pela operadora Claro. O filme, segundo apurações do site de propaganda Propmark, foi criado em 2002 pela então agência Salles D’Arcy, que hoje não existe mais. No filme há cenas de uma casal interagindo em festas e ambientes públicos.

Verdade seja dita, seria injusto comparar em beleza estética o comercial da ATL com o da Vivo produzido pela O2 Filmes. São parecidos. Não há discussão. Mas na versão atual há um convidativo clima à celebração do Dia dos Namorados e, lógico, da eterna busca do amor romântico e duradouro. Una sina da humanidade. A associação com a marca se dá pela assinatura: “O amor nos conecta. A conexão transforma”. Boa sacada. Menos óbvia. Mais elegante.

Como habitual nessas situações de insinuação de plágio, o co-presidente da Africa, Sergio Gordilho, alegou que se trata de “pura coincidência” o uso da mesma música na mesma categoria de serviços. Mas, pode soar como negligência da agência não ter feito uma mera busca na web.



É verdade que há mais quase uma centena de versões da música. A utilizada no filme da Africa é a música na íntegra na voz de Renato Russo. No ATL, parece uma interpretação de uma voz feminina.

Como a comunicação das empresas com seus consumidores envereda cada vez mais pela era do entretenimento, a versão turbinada aprovada pela Vivo não merece o fogo do inferno pela “semelhança” com a da ATL. Porém. E há sempre um porém, fica o alerta: Publicitários não resistam. Os tempos mudaram. Hoje, nada escapa. Então, pesquisem mais. A aposta na sorte pode resultar em saia justa chata de justificar.

ATUALIZAÇÃO: Acabei de receber a seguinte informação: o diretor de arte Humberto Fernandez, que hoje trabalha na agência Africa, trabalhava na agência Sally’s Darcy em 2002, quando o filme da ATL foi feito. Fato que se confirma na ficha do LINKEDin.
Pode ser “pura coincidência”. Mas, fica o registro.

Marili Ribeiro - Estadão

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