• Imagen 1 STEVE JOBS, AS COISAS QUE NINGUÉM DIZ
    Quão honestamente a sua vida é avaliada.

Novela em que bandido se dá bem é má dramaturgia, nada mais


O escritor de novelas Silvio de Abreu deu pistas de que seus vilões em Passione vão se dar bem. De novo! O mal sempre vence na cabeça desse senhor.

Porque o autor de folhetins odeia o "politicamente correto". E quer que seus telespectadores sejam "inquietos e aguçados". E saiam refletindo sobre a vida após sobreviverem durante meses aos seus capítulos previsíveis.

Ele se acha um subversivo por causa disso. Um gênio indomável. Um candidato ao Troféu Imprensa de Literatura. O homem se leva a sério! Que cafona.

Olha só a justificativa: "Gosto que a novela seja um pouco espelho da sociedade, e não é verdade que na sociedade em que a gente vive os vilões são castigados".

Também não é verdade que policiais gastem meses investigando um simples roubo de jóias, ou mesmo um assassinato, como o improvável personagem Diogo (que, ainda por cima, se torna amante da Mariana Ximenes, a bem do serviço público!).

Ou que um corno manso com nome de cachorro seja respeitado pela família e tenha como prêmio de consolação a Patrícia Pillar! Quanta ousadia. Um choque de realidade.

Como Silvio de Abreu também se acha acima da dramaturgia grega, reinventou o conceito aristotélico de catarse: "Quando o mocinho é recompensado e o bandido, castigado, não deixamos o público pensar".

Shakespeare, segundo esse raciocínio tosco, era um Paulo Coelho do século 17. Um babaca que escrevia autoajuda. Afinal, em que canto do universo os bandidos são realmente punidos?

Se não for na arte, na ficção, na utopia, em que outro maldito lugar vale a pena ser honesto e correto? Vá se catar! Ele que conte aos filhos dele uma história em que todos viveram infelizes para sempre.

Herói que se estrepa no final ainda não vi no horário nobre da Globo. Chico Mendes jamais seria protagonista. Nem uma heroína com vida sexual ativa, como os charmosos personagens do José Mayer. Isso o Silvio não banca, com toda a subversão que lhe cabe.

Mas canalhas que vão gastar no Caribe o dinheiro que roubaram, aí é arrojado, moderno, uma lição de objetividade. Ou um bígamo simpático e suas mulheres imbecis.

Se eu quiser saber como é a realidade, assisto ao noticiário de qualquer emissora. Leio meu holerite. Olho no espelho. Atravesso a rua. Não preciso de ninguém para isso.

Quero ver quem me faz uma pessoa melhor, mais "inquieto e aguçado". Só não me esfregue obviedades na cara. Vá ler algum escritor de verdade, desses que nos viram do avesso e nos largam no chão.

Não por acaso, o Sílvio tem "dificuldades para escrever cenas de amor". Claro, né? Com tanta amargura, como conseguiria articular a maior de nossas fantasias?

A teledramaturgia brasileira inventou o desfecho cínico, em que um bandido filho da mãe sempre manda uma banana para o idiota atrás da telinha. Nós. Bem feito, é o que dizem os letreiros finais.

Na primeira vez, até que OK. Vale tudo. Mas ficar repetindo esse truque sórdido a vida toda está mais para mau-caratismo mesmo. Quer que o mal prevaleça? Eleja-se senador e pronto, assunto encerrado.

Posso ser surpreendido. Mas se assassinos e psicopatas se derem bem no final da novela das nove, saiba de uma coisa, escrevente Silvio de Abreu: esse é o recado que o senhor quer passar. Nada além disso.

Não chame seu desencanto de arte, não se sinta melhor que ninguém. Apenas apague as luzes do estúdio de gravação. Seja o último a sair.

O Provocador - R7

FHC: o trololó de um intelectual vazio

Três ou quatro anos atrás, no Summit de Etanol, fui debatedor de uma mesa que tinha, entre outros, o megaempresário George Soros e Fernando Henrique Cardoso. Um dos temas era a questão do aumento das commodities.

Soros foi objetivo, alertando para o risco da “doença holandesa” – fenômeno em que as exportações de produtos primários crescem tanto, atraem tanto dólares que provocam uma apreciação da moeda local matando a manufatura.

FHC limitou-se a dizer que a alta desmentia a teses cepalina e, especialmente, Celso Furtado – que sempre alertava para a perda nas relações de troca entre países emergentes e desenvolvidos. Era uma bobagem, porque fugia da questão central, que era a promoção do desenvolvimento. Detalhe: naquele mesmo dia saíra um artigo do Ilan Goldjan no Estadão sobre o mesmo tema. FHC se inspirara no artigo para não falar nada.
o limitava-se a repetir o mesmo mantra que em 1980 ouvi de Rosenstein-Rodan, economista ortodoxo que se opunha às teorias industrializantes da Cepal. Ele dizia isso em relação ao aumento dos preços do petróleo. Trinta anos depois, o boom do petróleo não gerou nenhuma nação desenvolvida.

Com o artigo, Ilan tentava rebater os argumentos sobre a necessidade de superar o mercadismo e definir uma vocação clara de desenvolvimento para o país.

Meses atrás conversava com um colega jornalista que fora iludido pela suposta erudição de FHC, assim como eu fui pela do Serra. Descobrimos o truque de ambos. Cada vez que ele (analista político) ou eu (econômico) levantávamos alguma tese diferente, o senador FHC ou o deputado Serra ligava, endossava as ideias e se apresentava como se a ideia já fizesse parte de seu repertório intelectual.

A impressão era das melhores. Além de espicaçar a vaidade de nós, jornalistas, passavam a sensação de que eles eram os “caras”, antenados com as novas ideias e novas tendências. Ledo engano! Eram apenas leitores de jornais repetindo ideias interessantes sem sequer assimilá-las, com a mesma profundidade de um comentário de rádio.

Esse vazio intelectual ficou claro em FHC presidente e, em especial, na entrevista que me concedeu e que está no final do livro “Os Cabeças de Planilha”. Incapacidade absoluta de enxergar o novo, identificar os fatores portadores de futuro, as grandes linhas que determinam a diferença entre desenvolvimento e estagnação. No Summit, quando me levantei para comentar as apresentações, aliás, ele tentou ironizar me desafiando a fazer a síntese dos “fatores portadores de futuro” – sinal de que havia lido o livro e a crítica pegara no fígado.

Com Serra, essa falta de ideias ficou claro na prefeitura e no governo do Estado, quando não tinha mais o álibi de supostamente ser uma voz dissidente no PSDB fernandista para não se pronunciar. Quando se tornou o protagonista maior do PSDB percebeu-se que não se manifestava por não ter ideias. A campanha eleitoral mostrou de forma dramática sua total incapacidade de assimilar conceitos básicos de modernização desenvolvidos ao longo dos anos 90 e 2000.

É evidente que falta estratégia ao país, que os sucessivos planos de política industrial não chegaram a definir uma mudança de rumo, que o câmbio é um desastre.

Mas FHC sabe disso apenas de orelhada. Deve ter lido algum artigo de Bresser-Pereira antes da entrevista.

Para FHC, Brasil está ’sem estratégia’
Segundo o ex-presidente, País não pode voltar a ser apenas um exportador de commodities, como vem ocorrendo

Jamil Chade – O Estado de S.Paulo

O Brasil não tem estratégia – seja industrial, comercial ou para o câmbio. O alerta foi feito ontem, em Genebra, pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Para ele, o País não pode voltar a ser apenas um exportador de commodities e deve pensar o que fazer com os recursos da alta atual dos preços dos produtos primários.

“O que tem no Brasil é uma situação delicada. O Brasil está sem estratégia e isso é muito preocupante”, afirmou o ex-presidente. “O mundo mudou muito e não temos um plano para enfrentar esse mundo. Vai ser necessário ter uma nova estratégia. Temos de inventar uma estratégia e as políticas consequentes para essas estratégias. Mas não estou vendo nada disso e nem que isso esteja sendo definido.”

Em 2010, diante da alta dos preços de produtos primários, a renda com a exportação agrícola bateu recorde e pela primeira vez em décadas o Brasil vendeu mais commodity do que produtos industrializados. “Nesse momento, isso dá recursos. Mas o que vamos fazer com esses recursos? Qual é a estratégia de desenvolvimento do setor industrial? O que faremos quando os preços internacionais de commodities caírem? Não tenho visto respostas para nada disso”, afirmou.

Para Fernando Henrique, o Brasil precisa escolher setores para apostar. “Não dá para apostar em tudo. Quais são os setores que o Brasil, olhando para frente, terá vantagens comparativas? Está faltando tudo isso.”

Na avaliação do ex-presidente, a relação com a China é chave e tem de ser repensada. Ao Estado, Fernando Henrique apontou como alguns no governo “pensavam que Pequim seria a salvação do Brasil”. “Diziam que a China nos ia salvar. Hoje, vemos que ela produz o efeito positivo e negativo sobre a economia do Brasil. Fez explodir a exportação de commodities. Mas dificulta em parte as manufaturas”, alertou. “Não temos uma estratégia para lidar com a China.”

Real. Fernando Henrique também alertou que o governo está “visivelmente perdido” sobre o que deve fazer com o câmbio. “Não adianta achar que poderemos intervir. Por quanto tempo? Isso não é sustentável e não temos reservas para isso”, disse. “Criticaram muito meu governo por dizer que o real estava sobrevalorizado. E agora?”

Aos jornalistas brasileiros, explicou que a valorização do real não é só do real. “É no mundo todo e é a desvalorização do dólar.” Para Fernando Henrique, a disciplina fiscal é algo que não tem como se fugir no governo. “A situação obriga a fazer isso. Mas terá de fazer mais que isso.”

Irônico, Fernando Henrique Cardoso diz que vê uma diferença entre os governos Lula e Dilma: “Não preciso ver o Lula todos os dias na televisão.” O ex-presidente admite que o estilo de Dilma, por enquanto, tem sido mais “discreto e tecnocrático”. “Mas isso não é o importante. O importante é saber o que ela vai fazer”, disse.

DO BLOG DO NASSIF

Uma trajetória napoleônica


Boa parte dos produtos e serviços que chegam a dominar o mundo têm origem humilde. "Tudo começou com um ratinho", dizia Walt Disney. Ou uma garagem, para os que construíram o que passamos a chamar de informática. Ou um projeto de faculdade, para os que vieram depois.Nemtodos têm, como Bill Gates ou Mark Zuckerberg, vontade, oportunidade, pretensão ou vocação para dominar o mundo. Muitos
estão mais para uma mistura deProfessor Pardal com Forrest Gump. Curiosos, percebem que algo não faz sentido -e resolvem mudá-lo.

No mesmo ambiente universitário de Bill e Mark, depois do primeiro e antes do segundo, dois amigos que estudavam engenharia elétrica seguiram essa trajetória ao criarem umguia para a recém-nascida web.

Na época deles, Bill não acreditava na rede. E Mark tinha 10 anos.

David Filo e Jerry Yang não faziam ideia que o seu Yahoo! se tornaria uma das maiores empresas da internet. Até porque não existiam muitos sites, e acessá-los não era fácil. Seus primeiros índices eram quase manuais. Os tempos eram outros no fim do século passado.

Ninguém acreditou quando os dois rapazes levantaram a fortuna de US$ 2 milhões (por mais que hoje esse valor pareça uma ninharia). Com os bolsos cheios, eles arrumaram a casa e fizeram um dos primeiros IPOs do segmento. Foi umsucesso. Lançadas a US$ 33, as ações da nova empresa fecharam o dia US$ 10 mais caras.

Era só o começo de um grande império. Com o capital, começaram as aquisições: o principal repositório de páginas pessoais (Geocities), empresas de conteúdo em vídeo e áudio (Broadcast.com e MusicMatch), serviços de e-commerce (Kelkoo), comunidades (eGroups), agenda on-line (Upcoming. org), compartilhamento de fotos (Flickr) e links (Del.icio.us). Enquanto isso, o valor de cada ação chegava a quase US$ 500. A exuberância irracional não parecia ter fim. A AOL, afinal, tinha acabado de comprar a TimeWarner. O Yahoo! era o Google da época. Mas o Google ainda não tinha sido
inventado.

Em março de 2000, a bolha pontocom estourou. Desde então as coisas nunca mais foram as mesmas. Um ano depois, as ações do então fenômeno chegama valer US$ 8. Mesmo assim, no ano seguinte, ele tenta comprar o Google. E ouve um inacreditável "não". Desnorteado, o Yahoo! tenta investir no desenvolvimento de novas tecnologias. Sem uma estratégia
clara, porém, não consegue desenvolver um produto claramente melhor do que o oponente. Seu faro para aquisições já não é o mesmo, a ponto de deixar passar duas ideias promissoras: um tal de You-Tube e um tal de thefacebook. Mesmo no vermelho, ainda esnoba a tentativa de compra pela Microsoft. Hoje algumas de suas marcas, como o Flickr, são
mais populares e queridas que a empresa-mãe. O cenário, pavoroso, é parecido com o de herdeiros quatrocentões falidos, que vivem de glórias passadas enquanto tentam, a qualquer custo, vender ou alugar os terrenos que herdaram.

A triste história do Yahoo! é emblemática para os tempos pragmáticos em que vivemos. Sob certos aspectos, ela é assustadoramente parecida com a da Nokia. Ou com a do Google. Ou Microsoft. Tudo o que é sólido se desmancha no ar, já previa, oportunamente, Karl Marx.

LULI RADFAHRER, Folha de S.Paulo
folha@luli.com.br

Vida depois do Facebook - por Tom Brady do NYT


Quando a era das redes sociais estava entrando na corrente dominante, Rupert Murdoch pagou US$ 580 milhões por uma das propriedades mais quentes da internet -o MySpace. O executivo-chefe da concorrente na aquisição, a Viacom, foi demitido após seu patrão se queixar de que perder era uma "experiência humilhante".

Isso foi cinco anos atrás. Há poucas semanas, o MySpace demitiu a metade de seus 1.100 funcionários. O declínio do MySpace mais uma vez demonstra a fragilidade da mídia social, onde consumidores instáveis fazem serviços como Friendster subitamente parecerem indispensáveis, mas que desaparecem com a mesma rapidez.

Segundo a empresa de marketing comScore, o MySpace relatou 54,4 milhões de usuários no final de novembro, 9 milhões a menos que no ano anterior.

"O MySpace era como uma grande festa, e a festa mudou de lugar", disse Michael J. Wolf, ex-presidente da MTV Networks, da Viacom, e sócio-gerente de uma firma de consultoria de mídia. "O Facebook tornou-se muito mais um serviço público e um veículo de comunicação."

Os detritos da Internet incluem muitos nomes que já foram famosos. Netscape. Infoseek. Alta Vista. CompuServe. Excite@Home.

Poderia o Facebook, que hoje recebe mais acessos que o Google, um dia juntar-se a eles? O que passa para a posteridade na era da internet? O que restará quando a poeira digital baixar?

O Goldman Sachs investiu US$ 450 milhões no Facebook no início do mês, o que eleva o valor da empresa para US$ 50 bilhões. Mas antes que o Goldman comprasse essa participação, um poderoso grupo de investimentos da mesma companhia recusou a oportunidade de comprá-lo. Um motivo pelo qual Richard Friedman, um antigo sócio que administra o grupo, teria evitado o Facebook é que seu fundo foi prejudicado há dez anos após se carregar de favoritas de tecnologia e telecomunicações durante a bolha das pontocom. Um dos fundos da unidade, que levantou US$ 2,8 bilhões em 1998, investiu cerca de 70% de sua carteira em empresas da Internet.

A bolha das pontocom tornou-se uma bomba em 2001. Um dos investimentos do Goldman, a Webvan, despencou. Ela tinha sido apoiada de modo entusiástico pelo executivo-chefe do Goldman na época, Henry M. Paulson Jr., ex-secretário do Tesouro dos EUA. Ao que parece, Friedman aprendeu uma lição importante.

A Webvan.com, hoje propriedade da Amazon, continua viva. Uma das realidades assustadoras da era das redes sociais é que as impressões digitais persistem muito depois de os usuários terem partido do mundo físico. Dos mais de 500 milhões de membros do Facebook, cerca de 375 mil morrem anualmente nos EUA.

A arquitetura da web acelerou um dos aspectos mais impiedosos do capitalismo, a destruição criativa, em que empresas são postas de lado como velhos celulares. Mas é mais benigna quando se trata de legados pessoais.

"Posts" do Facebook, "tweets" do Twitter e vídeos do YouTube vão sobreviver depois que o corpo partir. Acontece que o ciberespaço pode ser mais generoso para os indivíduos do que as empresas que capitalizaram suas capacidades técnicas.

Paul Kimball, um cineasta da Nova Escócia, desenvolveu muitas amizades on-line e até colaborou em uma peça com um amigo do Facebook que morreu. Ele disse ao "Times" que "continua tendo essa conversa" com seu amigo postando um link para um dos posts do morto no Facebook e fazendo que as pessoas de seu círculo on-line reajam a ele.
"Estamos entrando em um mundo onde todos podemos deixar um legado, como George Bush ou Bill Clinton. Talvez seja a democratização definitiva", disse Kimball. "Ela dá a todos nós a possibilidade de sermos imortais."

2leep.com
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