• Imagen 1 STEVE JOBS, AS COISAS QUE NINGUÉM DIZ
    Quão honestamente a sua vida é avaliada.

Legal essa parada "rude"



Na última terça-feira, 21 de dezembro, a Record exibiu a final do reality show "A Fazenda". Após três meses de confinamento num sítio, o modelo Daniel Bueno, 33, ganhou o prêmio de R$ 2 milhões.
 
Vanessa Bárbara da FOLHA

É quase o mesmo valor que recebeu o embriologista britânico Robert G. Edwards, 85, vencedor do Prêmio Nobel na categoria Medicina ou Fisiologia. Ele faturou 10 milhões de coroas suecas (R$ 2,5 milhões) por duas décadas de pesquisa que tornou possível a fertilização in vitro.

A carreira de Daniel Bueno começou na seleção gaúcha de caratê, na qual foi faixa preta. Aos 22, foi contratado por uma agência de modelos e trabalhou para grifes como Calvin Klein e Giorgio Armani. É mais conhecido, porém, por ter namorado a atriz Luana Piovani.

Já Edwards começou seus estudos nos anos 50. Seu esforço possibilitou o nascimento de 4 milhões de pessoas e representou uma revolução no tratamento da infertilidade.
Para a comissão do Nobel, o britânico conseguiu vencer "desafios monumentais" no campo da ciência. Mesmo com a dificuldade de obter patrocínio, Edwards conseguiu elucidar incógnitas da biologia, como os momentos certos para a extração do óvulo e da sua fertilização e fecundação.

Bueno, por sua vez, demonstrou comprometimento com os afazeres rurais. Durante os 86 dias de programa, destacou-se pela diligência e por tomar para si a ordenha da vaca Estrela, proferindo frases como: "Dona Estrelinha! Como é bom ver a senhora!".
Logo de início, ele admitiu: "Pra ser sincero, eu não me acho um cara talentoso. Mas sou muito esforçado". Um de seus maiores momentos foi quando teve de tomar um banho gelado e exclamou: "Legal essa parada rude".

Mas o melhor diálogo não foi obra dele e de nenhum dos outros finalistas (o ator Sergio Abreu e a assistente de palco Lisi Benitez, a "Piu-Piu"). Foi Luiza Gottschalk que perguntou ao cabeleireiro Carlos Carrasco: "Milho é verdura?". Ao que ele respondeu: "Não. É um amido".

Daniel Bueno mostrou os peitorais na tevê e comemorou a vitória com Sérgio Mallandro. Robert Edwards não compareceu à cerimônia do Nobel por problemas de saúde.

Uma boa surpresa





Inesperado, o balanço dos anos Lula mexe com as convicções de quem considera a Folha tucana


OMBUDSMAN - SUZANA SINGER - Folha

A FOLHA SURPREENDEU seus leitores no domingo passado com o editorial de Primeira Página "Saldo Favorável", sobre os anos Lula. O texto era ainda mais positivo do que indicava o título.
Mesmo depois de várias ressalvas significativas, o jornal conclui que "Lula deixa o governo como estadista democrático que honrou boa parte dos compromissos assumidos numa trajetória épica".
É o mesmo jornal que, em 2006, logo depois de estourar o caso Francenildo -o caseiro que disse ter visto Antônio Palocci em uma casa frequentada por lobistas e garotas de programa-, afirmou que "a desfaçatez, o uso sistemático da mentira, o empenho em desqualificar qualquer denúncia, nada disso constitui novidade no comportamento do governo Lula".
O editorial "Abuso de Poder", também na capa, dizia que o Brasil tinha atingido "níveis inéditos de degradação ética, de violência institucional e de afronta às normas de convivência democrática". O governo Lula ainda sofria os efeitos da sua pior crise política: o escândalo do mensalão, furo da Folha, que se tornou a primeira grande mancha no partido que pretendia ser uma referência ética para o país .
Mais recentemente, em plena campanha eleitoral, a Folha alertou em texto na Primeira Página sobre os riscos de "enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos que protege as liberdades públicas", quando se formam "ondas eleitorais avassaladoras", no texto "Todo poder tem limite". Era uma advertência contra o que o jornal chamou de bravatas de Lula e Dilma contra a imprensa.
Não foi apenas nos editoriais que a Folha se mostrou dura com o primeiro presidente petista. O noticiário se pautou por apontar problemas administrativos, desnudar conchavos, mostrar onde o país ia mal. Fez o que precisava ser feito. Não embarcou na euforia que tomou o país com a eleição do ex-proletário nem reduziu a intensidade das críticas quando ele quebrou recordes de popularidade.
A salutar tradição de "se há governo, sou contra" cegou, porém, o jornal por um bom tempo. Demorou-se a perceber o avanço social promovido pelo atual governo e até por isso era difícil entender como sua aprovação ia tão bem, mesmo depois de tantas denúncias de corrupção. A "relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres", descrita no editorial de domingo, entrou tarde na pauta do jornal, concentrada demais no que ocorria em Brasília.
Inesperado, mas muito bem-vindo, o balanço dos anos Lula, tanto no editorial quanto no caderno especial, mexe com as convicções de quem considera a Folha tucana.
Revirando ainda mais os arquivos, descobre-se que o jornal não foi nada condescendente com Fernando Henrique Cardoso no final de seus mandatos. Exatamente oito anos antes do balanço de Lula, a Folha afirmava que FHC frustrou os que esperavam dele um governo "arrojado e imaginativo". O saldo era "moderadamente favorável", concluía o editorial "Bom presidente, governo nem tanto".
Os que consideram que o jornal não poderia fazer diferente diante das "óbvias conquistas" dos últimos anos deveriam ler o caderno especial que "O Globo" publicou também no domingo passado. O mote era o paradoxo de um "presidente tão popular em um governo tão modesto", praticamente sem méritos próprios. Segundo o jornal carioca, Lula falhou na educação, na saúde, na violência, na infraestrutura, em quase tudo.
Felizmente, a Folha não brigou com a realidade. Sem deixar de criticar, provou que não tem medo de reconhecer os avanços de um governo com o qual manteve oito anos de relações conflituosas, para dizer o mínimo. Foi um bom fecho para um 2010 para lá de conturbado.



Suzana Singer é a ombudsman da Folha desde 24 de abril de 2010. O ombudsman tem mandato de um ano, renovável por mais dois. Não pode ser demitido durante o exercício da função e tem estabilidade por seis meses após deixá-la. Suas atribuições são criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, recebendo e verificando suas reclamações, e comentar, aos domingos, o noticiário dos meios de comunicação.


Saldo favorável



Apesar das ressalvas, o presidente Lula deixa o governo como estadista democrático que honrou boa parte dos compromissos assumidos numa trajetória épica.


EDITORIAL - Folha de S.Paulo, 19.12.2010


Prestes a encerrar seus oito anos de mandato, o presidente Lula apresentou quarta-feira um extenso balanço da gestão. Como era de esperar, o relato contém abundantes autoelogios, algumas fantasias e nenhuma autocrítica.

No entanto, ao observador isento o exame dos resultados durante os dois governos consecutivos indica um saldo muito favorável.
Político intuitivo, Lula descartou a tentação do manejo demagógico da economia. Manteve a política econômica responsável iniciada por seu antecessor e colheu os frutos dessa sábia decisão.

No período, a economia cresceu 37,3% (média anual de 4%). As exportações do país mais do que triplicaram. A inflação caiu de 12,5% para 5,6% ao ano. A taxa básica de juros reais também cedeu, de 15% para 6%. O desemprego foi reduzido pela metade.

A dívida externa foi paga.

Seu governo foi beneficiado, é verdade, por um contexto internacional favorável. Apesar da crise financeira de 2009, o formidável dinamismo da China puxou o crescimento das principais economias emergentes, que nestes oito anos se expandiram até mais do que o Brasil.

Ainda assim notável, o progresso obtido não é imune a críticas. Lula não soube aproveitar a imensa popularidade acumulada para promover reformas que tornassem a economia mais competitiva e o Estado mais eficiente.

Impondo à sociedade uma carga tributária superior a um terço do Produto Interno Bruto, o Estado presta serviços em educação, saúde e infraestrutura que, apesar de avanços, continuam a ostentar má qualidade. Houve uma incrustação maciça de militantes na máquina federal, bastando ressaltar nesse sentido que os cargos de confiança aumentaram 50%.

Quanto aos costumes políticos, o desempenho foi deplorável. Para garantir hegemonia no Congresso, o governo utilizou expedientes escusos sob evidente beneplácito presidencial. O mais notório dos escândalos, o mensalão -revelado pela Folha em junho de 2005-, foi a ponta visível de um iceberg de ilegalidades impunes.

A política externa foi orientada pelo elogiável intento de ampliar a autonomia do país e sua influência no mundo. Sua consecução, porém, pecou por desnecessária proximidade com autocracias como Cuba e Irã e pela complacência para com outros violadores de direitos humanos.

Tais ressalvas não empanam o maior êxito do governo Lula, expresso numa relevante melhora nas condições de vida dos mais pobres. Isso deveu-se ao próprio crescimento econômico, mas também à expansão dos programas de transferência de renda, do crédito popular e do aumento real no salário mínimo. Em resultado, o estrato mais carente da população, aquele que recebe até R$ 140 mensais per capita, diminuiu de 33,3% do total em 2001 para 15,5% em 2008.

Apesar das ressalvas, o presidente Lula deixa o governo como estadista democrático que honrou boa parte dos compromissos assumidos numa trajetória épica.

Brazil's Rising Star



60 Minutes CBS:" Lula um torneiro mecânico com a 4a. série completa e um doutorado em carisma" Vídeo com legenda aqui.


WikiLeaks contra o Império


Os americanos acham que podem tudo, mas deveriam aprender a guardar segredos com os ingleses

ELIO GASPARI, Folha de S.Paulo


A diplomacia americana levará tempo para se recuperar da pancada que levou da WikiLeaks. Tudo indica que 250 mil documentos sigilosos foram copiados por um jovem soldado num CD enquanto fingia ouvir Lady Gaga, cantarolando "Telephone": "Pare de ligar, eu não quero falar". Um vexame para um país que gasta US$ 75 bilhões anuais num sistema de segurança que agrupa 1.200 repartições, contrata 2.000 empresas privadas e emprega mais de 1 milhão de pessoas, das quais 854 mil têm acesso a informações classificadas.

A WikiLeaks não obteve documentos que circulam nas camadas mais secretas da máquina, mas produziu aquilo que o historiador e jornalista Timothy Garton Ash classificou de "sonho dos pesquisadores, pesadelo para os diplomatas". As mensagens mostram que mesmo coisas sabidas têm aspectos escandalosos.

A conexão corrupta e narcotraficante do governo do Afeganistão é velha como a Sé de Braga, mas ninguém imaginaria que o presidente Karzai chegasse a Washington com um assessor carregando US$ 52 milhões na bagagem. A falta de modos dos homens da Casa de Windsor é proverbial, mas o príncipe Edward dizendo bobagens para estranhos no Quirguistão incomodou a embaixadora americana.

O trabalho da WikiLeaks teve virtudes. Expôs a dimensão do perigo representado pelos estoques de urânio enriquecido nas mãos de governos e governantes instáveis. Se aos 68 anos o líbio Muammar Gaddafi faz-se escoltar por uma "voluptuosa" ucraniana, parabéns. O perigo está na quantidade de material nuclear que ele guarda consigo. A revelação do interesse chinês na reunificação das Coreias chega a ser um fator de alívio.

Os seis telegramas relacionados com o Brasil já divulgados cumpriram uma escrita apontada domingo por Garton Ash. Revelaram a boa qualidade dos relatórios dos diplomatas americanos. Falta ver os 1.941 restantes. O embaixador Clifford Sobel narrou a inconfidência do ministro Nelson Jobim a respeito de um tumor na cabeça do presidente boliviano Evo Morales. Seu papel era comunicar. O de Jobim era não contar. Faz bem a Pindorama saber que seus sabiás gorjeiam impertinências.

A vergonha americana pede que se relembre o trabalho de 10 mil ingleses, entre eles alguns dos maiores matemáticos do século, que trabalharam em Bletchley Park durante a Segunda Guerra, quebrando os códigos alemães. O serviço dessa turma influenciou a ocasião do desembarque na Normandia e permitiu o êxito dos soviéticos na batalha de Kursk (o maior enfrentamento de blindados da história, apesar de haver gente acreditando que isso aconteceu no morro do Alemão).

Terminada a guerra, o primeiro-ministro Winston Churchill mandou destruir os equipamentos e apagar todos os vestígios da operação, mantendo o episódio sob um manto de segredo. Ele só foi quebrado, oficialmente, nos anos 70.

Com a palavra Catherine Caughey, que tinha 20 anos quando trabalhou em Bletchley Park: "Minha grande tristeza foi ver que meu amado marido morreu em 1975 sem saber o que eu fiz durante a guerra". Alan Turing, um dos matemáticos do parque, matou-se em 1954, condenado pela Justiça por conta de sua homossexualidade, mas nunca falou do caso. (Ele comeu uma maçã envenenada. Conta a lenda que, em sua homenagem, esse é o símbolo da Apple.)

Toda Mídia


Juros e o maremoto
No topo das buscas de Brasil no Google News, com Reuters, "Próximo governo focará redução de juros". A nova equipe decidiu fazer "grande esforço" fiscal para derrubar as taxas, "temendo que, do contrário, será vítima de um maremoto de dinheiro", citando a "flexibilização quantitativa" nos EUA.
Em entrevista destacada em diversos despachos da Bloomberg, Guido Mantega afirmou que o "Brasil vai congelar US$ 12 bilhões para ajudar a derrubar taxa". Os cortes incluiriam PAC e BNDES.


 

Antes, o "Financial Times" postou que o "Ritmo da alta no crédito cria temor no Brasil". Destaca, de um executivo financeiro: "O crescimento veio das classes C, D e E. Essas famílias não têm educação financeira e tomam crédito indiscriminadamente".

forbes.com
Na capa, Assange "quer espalhar os seus segredos corporativos". No destaque interno, é descrito como "o profeta de uma era de transparência involuntária para governos e empresas" //OS PRÓXIMOS VAZAMENTOS

Na nova "Forbes", o editor do WikiLeaks, Julian Assange, avisa que o próximo "megavazamento" vai atingir "um grande banco dos EUA". No final da tarde, a Reuters despachou que pode ser o Bank of America, citado por ele em entrevista à "Computerworld". "Estamos sentados em 5 gigabytes do Bank of America, um disco rígido de executivo", disse, há um ano.
Na longa entrevista à nova "Forbes", que priorizou os futuros vazamentos corporativos e ecoou por "FT" e outros, ele diz que divulga os documentos "no início do ano que vem". Que eles mostram "como os bancos funcionam no nível executivo" e devem levar a "investigações e reformas".
Acrescentou que tem material sobre "espionagem industrial" em tecnologia por um "grande governo". Citou os EUA.

//ASSANGE VS. CLINTON

"De algum lugar não revelado", via Skype, Assange falou ontem à "Time". No destaque, ele afirma que a secretária de Estado "deveria se demitir, se ficar demonstrado que ela foi responsável pela ordem, aos diplomatas americanos, de espionagem na ONU, em violação dos tratados assinados pelos EUA".
Relata que o WikiLeaks têm processado "cerca de 80 documentos por dia", mas "isso vai crescer gradualmente conforme entrarem outros parceiros de mídia", pelo mundo.
O "Guardian" noticiou que a Interpol colocou Assange em uma lista internacional de procurados. E que ele, segundo amigos, "estaria em algum lugar secreto perto de Londres, junto com outros hackers e aficcionados do WikiLeaks". Seu estado de espírito, contam, está leve, alegre.

Sob ataque 1 A home do "Washington Post" destacou que o procurador-geral Eric Holder abriu uma "investigação criminal" de Assange, que pode levar a uma acusação de "espionagem".

Sob ataque 2 Sites diversos destacaram a informação, dada pelo WikiLeaks no Twitter, de que seu site enfrentou um ataque de "10 gigabits por segundo", mas se manteve no ar.


cnn.com

APOIO Na CNN e na BBC, Daniel Ellsberg, que vazou os Papéis do Pentágono em 1971, defendeu Assange. Diz que sofreu as mesmas críticas. "Silêncios e mentiras", argumenta, é que arriscam vidas

//CHINA VS. WIKILEAKS

O "Guardian" deu na manchete de papel, com WikiLeaks, que a "China "está pronta para abandonar Coreia do Norte'".
Ato contínuo, o site da "Computerworld" noticiou ontem que a China havia bloqueado o acesso às páginas do WikiLeaks.
Na "Forbes", Assange relata que chegou a contatar uma versão chinesa do Wiki Leaks, mas desistiu pois o grupo não tinha "segurança" nem "reputação".

//CHINA & BRASIL, EM CANCÚN

Sem permitir cobertura e agora acesso ao WikiLeaks, a China se volta a assuntos como a esvaziada conferência do clima em Cancún. O estatal "China Daily" entrevistou ontem o diplomata brasileiro Luiz Figueiredo, que deu como "prioridade" para os emergentes no encontro uma extensão do Protocolo de Kyoto.

foreignpolicy.com

"GOOD NEWS" A nova "Foreign Policy" lista "As notícias que você perdeu" no ano, como "o fim da política de uma criança" na China. E a "Boa notícia da Amazônia", da redução no desmatamento

Quarta-feira, 01Dez2010

Interpol emite ordem de captura contra fundador do WikiLeaks

Julian Assange é procurado pela Suécia por 'estupro e agressão sexual'. Ele nega as acusações, que diz serem parte de uma 'campanha caluniosa'.
Em outubro, o Wikileaks divulgou mais 400.000 relatórios sobre incidentes, apresentados como "o vazamento mais importante de documentos militares confidenciais da história".


A Interpol emitiu nesta terça-feira (30) uma ordem de captura internacional contra Julian Assange, fundador do site WikiLeaks, que divulgou nesta semana documentos secretos do departamento de Estado, que cuida das relações internacionais dos Estados Unidos,

No último dia 20, a Interpol recebeu das autoridades suecas um pedido para ordenar a detenção com fins de extradição de Assange, que é procurado pela Suécia em uma investigação por "estupro e agressão sexual".

A Interpol recebeu um mandato de detenção e um pedido de publicação de uma notificação vermelha de seu escritório central na Suécia para pedir a captura do fundador do WikiLeaks, Julian Assange", anunciou a organização policial internacional que tem sede em Lyon, França.

A justiça sueca ordenou a prisão de Assange, que divulgou recentemente documentos confidenciais sobre a guerra no Iraque e no Afeganistão. A decisão do juiz Alan Camitz, do tribunal de Estocolmo, acatou um pedido neste sentido apresentado anteriormente pela promotoria.

Julian Assange é cidadão australiano, e chegou a ser procurado em agosto em meio às investigações do caso, mas teve a ordem de prisão revogada.

Marianne Ny, a promotora encarregada do caso, reabriu o processo de estupro contra Assange, de 39 anos, no dia 1º de setembro, mas a princípio não havia solicitado sua detenção.

Supostas vítimas
Duas mulheres afirmaram que no dia 20 de agosto foram vítimas de estupro e agressão sexual por parte do fundador do WikiLeaks.

Assange sempre negou as acusações, afirmando que fazem parte de uma "campanha caluniosa" para desprestigiar seu site, que publicou centenas de milhares de documentos confidenciais sobre os conflitos no Iraque e no Afeganistão.

Em outubro, o Wikileaks divulgou mais 400.000 relatórios sobre incidentes, apresentados como "o vazamento mais importante de documentos militares confidenciais da história".

Os serviços secretos americanos "estão desde já muito satisfeitos", chegou a comentar Assange em entrevista à AFP, em setembro, depois que a investigação por estupro foi reaberta na justiça sueca.

WikiLeaks escancara isolamento do Irã


Documentos mostram pressão de países árabes para atuação militar dos EUA contra regime de Ahmadinejad;
Em telegrama de 2008, rei saudita pede ao governo de George W. Bush "que corte a cabeça da serpente"


MARCELO NINIO - Folha de S.Paulo
DE JERUSALÉM

A nova avalanche de documentos confidenciais revelados pelo site WikiLeaks escancarou com todas as letras o temor de alguns dos principais líderes árabes com o programa nuclear do Irã.

O vazamento mostra o que até agora estava restrito aos bastidores: a forte pressão árabe para que os EUA ataquem instalações iranianas.
Não é surpresa que Israel tenha elogiado a publicação. Tampouco que o Irã tenha desqualificado a iniciativa.

Entre os cerca de 250 mil telegramas diplomáticos dos EUA que começaram a ser divulgados pelo WikiLeaks no domingo, estão mensagens que ilustram o conhecido temor de líderes árabes com a perspectiva da bomba atômica iraniana. Com fervor jamais revelado publicamente.

Em um telegrama de 27 de dezembro de 2005, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, é descrito como "desequilibrado" e "louco" por comandantes militares dos Emirados Árabes Unidos ao então chefe do Comando Central norte-americano, general John Abizaid.

Chama a atenção a insistência da Arábia Saudita, um dos países mais influentes da região, para que os EUA considerem uma ação militar. Num telegrama de 2008, o rei saudita, Abdullah, pede ao governo Bush "que corte a cabeça da serpente".

Outros países da região exibem o mesmo alarme. Em comum, a aversão ao presidente iraniano e a preocupação de que os EUA ataquem antes que Israel o faça.

Em uma mensagem de julho de 2009, o ministro da Defesa dos Emirados Árabes, príncipe Mohamed bin Zayed, prevê um ataque israelense até o fim daquele ano e alerta para o perigo de apaziguar o Irã. "Ahmadinejad é Hitler", diz Bin Zayed.

Os governos do mundo árabe mantiveram o silêncio ontem, mas a imprensa repercutiu o vazamento, prevendo que causará turbulências nas relações com o Irã.

O presidente iraniano reagiu com desdém, acusando os EUA de orquestrarem o vazamento: "O Irã e os países da região são amigos".

Uma das informações novas, contidas num telegrama de fevereiro deste ano, é a avaliação da inteligência dos EUA de que Teerã recebeu 19 mísseis da Coreia do Norte com alcance suficiente para atingir as capitais da Europa.

Para Israel, o vazamento prova que o país não está sozinho em sua preocupação com o regime iraniano.

"Pela primeira vez na história há um acordo de que o Irã é a ameaça", disse o premiê Binyamin Netanyahu.

Documento revela que, para EUA, Itamaraty é adversário



Papéis confidenciais citam "inclinação antinorte-americana" por parte do Brasil
Telegramas divulgados pela ONG WikiLeaks revelam que diplomatas dos EUA consideram Nelson Jobim um aliado


FERNANDO RODRIGUES - Folha de S.Paulo
DE BRASÍLIA

Telegramas confidenciais de diplomatas dos EUA indicam que o governo daquele país considera o Ministério das Relações Exteriores do Brasil como um adversário que adota uma "inclinação antinorte-americana".

Esses mesmos documentos mostram que os EUA enxergam o ministro da Defesa, Nelson Jobim, como um aliado em contraposição ao quase inimigo Itamaraty.
Mantido no cargo no governo de Dilma Rousseff, o ministro é elogiado e descrito como "talvez um dos mais confiáveis líderes no Brasil".

A Folha leu com exclusividade seis telegramas de um lote de 1.947 documentos elaborados pela Embaixada dos EUA em Brasília, sobretudo na última década.

Os despachos foram obtidos pela organização não governamental WikiLeaks. As íntegras desses papéis estarão hoje no site da ONG (cablegate.wikileaks.org/), que também produzirá reportagens em português. A Folha.com divulgará os telegramas completos.

Num dos telegramas, de 25 de janeiro de 2008, o então embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel, relata aos seus superiores como havia sido um almoço mantido dias antes com Nelson Jobim. Nesse encontro, o ministro brasileiro contribuiu para reforçar a imagem negativa do Itamaraty perante os norte-americanos.

Indagado sobre acordos bilaterais entre os dois países, Jobim citou o então secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores, Samuel Pinheiro Guimarães.
Segundo o relato produzido por Clifford Sobel, "Jobim disse que Guimarães "odeia os EUA" e trabalha para criar problemas na relação [entre os dois países]."

Não há nos seis telegramas confidenciais lidos pela Folha nenhuma menção a atos ilícitos nas relações bilaterais Brasil-EUA. São apenas descrições de encontros, almoços e reuniões.

Ao mencionar um acordo bilateral, Clifford Sobel diz que caberá ao presidente Lula decidir entre as posições de um "inusualmente ativo ministro da Defesa interessado em desenvolver laços mais próximos com os EUA e um Ministério das Relações Exteriores firmemente comprometido em manter controle sobre todos os aspectos da política internacional".

Num telegrama de 13 de março de 2008, Sobel afirma que o Itamaraty trabalhou ativamente para limitar a agenda de uma viagem de Jobim aos EUA.

Ao relatar a visita (de 18 a 21 de março de 2008), os EUA pareciam frustrados: "Embora existam boas perspectivas para melhorar nossa relação na área de defesa com o Brasil, a obstrução do Itamaraty continuará um problema".

CAÇAS DA FAB
Apesar de elogiado, Jobim nunca apresentou em reuniões nenhuma proposta especial aos EUA a respeito da licitação dos 36 aviões caça que serão comprados pela Força Aérea Brasileira.

Em todos os relatos confidenciais os diplomatas dos EUA em Brasília mencionam frases de Jobim que coincidem com o que o ministro declarou em público.

Em uma ocasião, por exemplo, os norte-americanos escrevem: "Compras de fornecedores dos EUA serão mais competitivas quando [o país] autorizar uma produção brasileira de futuros sistemas militares".

Procurado pela Folha, o Departamento de Estado dos EUA se recusou a comentar as comunicações sigilosas.

Uma porta-voz do departamento enfatizou que os países mantêm boas relações. A Casa Branca não respondeu à reportagem até a conclusão desta edição.

WikiLeaks sofre ataque

O WikiLeaks, que divulgou documentos secretos do serviço diplomáticos dos EUA, disse em uma mensagem no Twitter que estava sofrendo um “ataque de negação de serviço”, um método comum usado por hackers para deixar os sites lentos e derrubá-los.

O site WikiLeaks disse que sofreu um ataque online na manhã desta terça-feira, 30, deixando o site fora do ar por horas para usuários dos Estados Unidos e da Europa.

Aparentemente, o site resolveu o problema ao trocar seu servidor da Suécia para os Estados Unidos, o que trouxe o site de volta. Nesta terça, o tráfego do WikiLeaks passava por um servidor alugado da Amazon, baseado nos Estados Unidos.

O WikiLeaks, que divulgou documentos secretos do serviço diplomáticos dos EUA, disse em uma mensagem no Twitter que estava sofrendo um “ataque de negação de serviço”, um método comum usado por hackers para deixar os sites lentos e derrubá-los.

O WikiLeaks não identificou os culpados pelo ataque.

É a segunda vez que o WikiLeaks sofre um ataque depois de publicar os documentos no domingo, mas os ataques desta terça parecem ser mais poderosos.

Em um típico ataque de negação de serviço, computadores remotos comandados por programas espiões bombardeiam um site com tantos pacotes de dados que o servidor fica sobrecarregado e indisponível para os internautas. Localizar os culpados é difícil.

Segundo o WikiLeaks, o tráfego chegava a 10 gigabits por segundo. De acordo com um estudo da empresa de segurança online Arbor Networks, a média de um ataque do tipo no ano passado era de 349 megabits por segundo, 28 vezes menos que o relatado pelo WikiLeaks.

O ataque do domingo não impediu a publicação de reportagens sobre os documentos do Departamento de Estado norte-americano em diversos jornais. O WikiLeaks divulgou o material antecipado à veículos de comunicação.

/ Peter Svensson (ASSOCIATED PRESS)

O presente dos desastres

 O governo Lula é uma sucessão de fatos inesperados, mas dois deles têm a dimensão extraordinária das mágicas do acaso. É à inversão imprevista de duas derrotas brutais, com tudo para arrasarem sua imagem e o governo, que Lula vai se despedindo da Presidência com o registro de êxitos sem precedente entre seus antecessores todos. E mesmo como um caso especial no mundo.

Jânio de Freitas, Folha de S.Paulo

O mensalão foi um canhonaço que destroçou muito mais do que a aparelhagem executiva da Presidência e, com ela, o braço de operações montado sobre a leviandade da direção petista. O mensalão pôs em ruína, também, toda estratégia e o plano de configuração do poder que deveria executá-la.

Nesse poder, o papel de regente do Executivo dividiu-se, quase definidamente por setores, entre José Dirceu, Antonio Palocci e Henrique Meirelles. Mas o maestro político era José Dirceu, só ele. Ao Lula que então se viu coube reter-se no seu já comprovado talento: mobilizar parcelas sucessivas da opinião pública, o jogo de cena, as viagens e a presença em eventos que ocupassem o tempo presidencial.

Era um Lula distante da ação política e do trânsito de políticos, comum para presidentes. Com muitas evidências de insegurança e de alheamento às coisas de governo, incapaz de enfrentar uma entrevista coletiva e mesmo algo menor que não estivesse arranjado.

A saída de José Dirceu de suas funções no plano e no Gabinete Civil era tão impensável, antes de forçada pelo mensalão, que não houve ideia alguma para preencher o vácuo no seu aspecto essencial, que era a ação política do governo.
Aumentados os seus temores de que novos tropeços, mesmo que menores, atingissem sua continuidade como presidente, restou a Lula improvisar ele próprio o comando e a execução das ações políticas do governo. Tateante, cedendo muito mais do que o necessário, fazendo dívidas precipitadas sem escolher os políticos credores, Lula perdeu muito, mas com o tempo ganhou tarimba e segurança, suficientes para o necessário sem brilho. Até que sobreveio a segunda explosão, onde menos seria esperável.

O escândalo de Antonio Palocci não desarmou Lula apenas na vigilância de uma política econômica conservadora com temperos neoliberais. Essa função fizera de Palocci uma espécie de guarda-costas de Lula em setores real ou potencialmente hostis e ameaçadores, como o financeiro, o dos meios de comunicação, o do empresariado influente e, não menos, o do sistema internacional de defesa do conservadorismo.

Guido Mantega não caiu do céu. Veio das profundezas ferventes onde foi posto pela corrente Palocci, desde antes da formação inicial do governo; e, depois, pelas mal contidas restrições ao conservadorismo econômico do governo. Mas, quando um caseiro desacreditou dos ares beatíficos de Palocci, Guido Mantega, ministro do Planejamento, foi visto como o único a estar informado dos aspectos todos da economia, para cobrir o vácuo ainda que só pelo tempo para a solução definitiva.

De lá para cá, Lula fez uma dívida enorme com Mantega. A retomada do crescimento e seus múltiplos efeitos de força política e eleitoral devem-se à persistência de Mantega na ideia, que o alijara, de buscar a conciliação de crescimento e inflação baixa. A tranquilidade e a boa dose de otimismo que se instalaram no Brasil, e contribuíram muito para o processo sucessório sem turbulências, são frutos dessa bem sucedida conciliação não conservadora.

Em outro plano, com o crescimento sem inflação Lula se viu projetado, da simpatia folclórica dedicada pelo Ocidente ao metalúrgico-presidente, à possibilidade de uma admiração e, depois, de uma influência internacional que soube cultivar muito bem.
O mensalão e a queda perturbadora de José Dirceu levaram Lula ao comando político que lhe deu uma liderança sem precedente. O escândalo e queda ameaçadora de Antonio Palocci resultaram para Lula em uma presença internacional sem nem sequer algo próximo em outros presidentes brasileiros.

Esses comentaristas miseráveis

As eleições presidenciais tiveram o efeito colateral de reacender o preconceito de classe. O ódio (não há outra palavra) aos pobres saiu do armário, foi para as ruas e continua escorrendo pelos principais esgotos do país.

No dia da Proclamação da República, uma alma atormentada, que atende às vozes das trevas pelo nome de Luiz Carlos Prates, cuspia as seguintes declarações, durante o Jornal do Almoço, transmitido pela RBS, a Globo de Santa Catarina:



- Hoje, qualquer miserável tem um carro.

- O sujeito nunca leu um livro, mora apertado numa gaiola que chamam de apartamento, não tem nenhuma qualidade de vida, mas tem um carro na garagem.

- Resultado desse governo espúrio que popularizou, pelo crédito, o carro para quem nunca tinha lido um livro.

É o tipo de ignorância que nem merece piedade. O cara se afoga no vômito das próprias palavras. Nojento.

A democracia foi feita para que possamos expressar pensamentos livremente. Mas o que o comentarista ficou esbravejando não passa de rancor e desprezo.

Só gente como ele pode ter carro e viajar no feriado. Só a casa dele é decente. Só o candidato dele é bom. Só o dinheiro dele presta. Em resumo, é um babaca completo. Não só ele, mas também quem pensa parecido.

Infelizmente, como vimos durante a campanha eleitoral, há quem concorde com esse pensamento cretino. O que causa espanto é haver quem pague para que esse tipo de estupidez seja transmitido ao vivo pela TV. Há patrão para tudo neste mundo.

Melhor que a gente saiba onde essa turma se reúne. E nem passar perto desses miseráveis, pobres de espírito. "Desgraçados". Gentinha.

O PROVOCADOR 

Toda Mídia


Obama & Dilma

O embaixador americano, Thomas Shannon, falou ao "Valor" que "há muito interesse dos dois lados de que haja um encontro o mais rapidamente possível" entre os presidentes. Falou que "há muito interesse em aprofundar nossa relação com o Brasil" e que há "confiança de que com a presidente eleita vamos ter essa oportunidade". No enunciado de capa, "Obama deve receber Dilma antes da posse".
 
À tarde, a Agência Brasil confirmou que "Dilma se reúne com Obama antes de posse e depois americano virá ao Brasil". Na agenda, a crise cambial, o pré-sal e "preocupações dos empresários americanos, que vêm perdendo espaço no Brasil para os chineses". Ecoou por agências latino-americanas e europeias.

//"MÃE DO BRASIL"


O
"Diário do Povo", do PC chinês, produziu ontem a análise ""Mãe do Brasil" destemida para enfrentar desafios críticos", do correspondente Wang Peng.
Lembra seu passado de "guerrilheira urbana" e sublinha "o conhecimento e a experiência em energia", anotando que, como ministra do setor, "ampliou o gerenciamento estatal".
Descreve Dilma como "forte apoiadora das políticas amigas do mercado de Lula", mas diz que também "defende fortalecer o papel da regulação estatal em setores estratégicos".

Lula vs. Dilma Em entrevista anteontem ao programa de
Charlie Rose na PBS, nos EUA, e na Bloomberg, no Brasil, o presidente da consultoria estratégica Eurasia, Ian Bremmer, descreveu Lula, lamentando sua saída, como o maior "estadista" emergente -e debateu com o âncora se Dilma poderia substituí-lo. Rose argumentou com o passado de combate à ditadura e com a chefia da Casa Civil. Bremmer rebateu que ela não tem o "carisma" de Lula. Aposta na China Em despacho de Cingapura, a Bloomberg deu que a "Embraer assina acordo de financiamento de US$ 1,5 bi para estimular vendas na China". Foi a manchete da Reuters Brasil, depois, "Embraer faz acordo de financiamento com a chinesa Avic".
No "Financial Times", "Embraer faz uma aposta de US$ 1,5 bi na China", citando o presidente da Embraer China, que cobra liberação de Pequim para produzir jatos maiores na subsidiária.


cfr.org



COMPETIR/COOPERAR Instituição influente na política externa dos EUA, o CFR
postou "Inovação Energética: Competição e Cooperação entre EUA, China, Índia e Brasil", de 114 págs. Propõe aos EUA "priorizar esforços com a Índia e o Brasil, onde a possibilidade de criar competidores é baixa, pois suas empresas são menos agressivas e bem-sucedidas em exportar aos desenvolvidos"
//A CHINA SE DEFENDE

O estatal "China Daily" publicou dois artigos ontem sobre estratégica geopolítica regional. No primeiro, de Yu Jincheng, da Universidade de Segurança do Povo Chinês, saúda o "triângulo estratégico emergente" que reúne "três dos Brics", China, Rússia e Índia.
O segundo, de Yang Qingchuan, da agência Xinhua, responde a texto do "NYT" que "tentou acender as chamas das disputas territoriais na Ásia". E afirma que a "teoria hegemônica não cabe na China".

//MURDOCH, SOROS E A CHINA

Em entrevista a seu próprio canal financeiro, a Fox Business, o empresário Rupert Murdoch alertou para o "enorme poder econômico" da China, que desafia os EUA. Descreveu como "assustador". E defendeu o livre comércio dos questionamentos que vem recebendo nos EUA, afirmando que ele precisa ser aproveitado "para vender mais aos países em desenvolvimento, como o Brasil -e acredito que isso está acontecendo".
Na mesma linha, o milionário investidor George Soros declarou, no canadense "Globe and Mail", que "há uma transferência realmente marcante e rápida de poder e influência, dos EUA para a China". Avaliou também que "hoje a China tem não apenas uma economia mais vigorosa, mas um governo que funciona melhor do que o americano". Cobrou "algum tipo de equilíbrio ou de compromisso entre os dois países".


nytimes.com


ANTIOBAMA O "New York Times" adiantou a revista de domingo sobre a "candidata sombra". Sarah Palin confirma que quer sair à Presidência em 2012. E o Huffington Post
deu manchete para o prefeito de NY, Michael Bloomberg, que articula chapa "independente" com o popular apresentador da NBC Joe Scarborough

#orgulhodesernordestino: Twitter, racismo e estupidez


 A notícia que circulou pouco foi a notícia melhor. Perante uma estupidez, o Brasil inteiro, independentemente de geografia, se incomodou e respondeu. Somos todos muito melhores do que isso.

Pedro Dória - LINK/Estadão

Os computadores do TSE ainda estavam quentes de tanto processar voto na segunda-feira passada, quando a estudante de Direito paulistana Mayara Petruso achou por bem navegar pela rede social. “Nordestino não é gente”, escreveu no Twitter. “Faça um favor a SP, mate um nordestino afogado!” Não satisfeita, de lá pulou para o Facebook – “Deem direito de voto pros nordestinos e afundem o País de quem trabalha para sustentar os vagabundos que fazem filho para ganhar o bolsa 171.”

Estupidez pura.

Mayara não foi a única a atacar nordestinos naquela segunda-feira. Uma parcela de eleitores insatisfeitos com o resultado do pleito tomou o caminho do preconceito. É como se dissessem: quem vota contra minha opção algum defeito há de ter. Há um equívoco essencial aí: Dilma não venceu apenas no Nordeste. Também teve maioria em Estados do Sudeste, como Rio e Minas. Mas não importa. Aos preconceituosos, qualquer estereótipo é irresistível.

Mayara Petruso e a xenofobia no Twitter




A estudante de Direito Mayara Petruso atendendo ao chamado da campanha tucana que transformou a campanha numa guerra entre gente limpinha e a massa fedida, principalmente a que reside no Nordeste e vive do Bolsa Família, escreveu as mensagens reproduzidas acima na noite de domingo, logo após o anúncio da vitória de Dilma Roussef.

A estudante é uma típica paulistana de classe média alta. Um tipo que não gosta de estudar, adora consumir e que considera nordestino um ser inferior. Nada mais comum em almoços de domingo nos ambientes dessa elite branca paulistana do que ouvir gente falando coisas semelhantes ao que escreveu Mayara Petruso na sua conta no tuiter. Na cabeça da menina, ela não deve ter falado nada demais. Afinal, é isso que deve ouvir desde criança entre familiares e amigos.

Fui ao orkut de Mayara para checar minhas desconfianças. E confirmei tudo que imaginava. Ela deve morar na região Oeste de São Paulo, onde vive este blogueiro há muito tempo e onde este preconceito é ainda mais latente do que em outras bandas da cidade. Digo isto porque uma de suas comunidades é a do “Parque Villa Lobos”. Se morasse na Mooca provavelmente nem se lembraria de tal parque. Se vivesse nos Jardins, citaria o do Ibirapuera.

Mas há outras comunidades que revelam mais profundamente a alma da “artista” que escreveu o post mais famoso do pós-campanha. Um post que levou o debate sobre a questão do preconceito ao Nordeste ao TT mundial no tuiter.

A elas: “Perfume Hugo Boss, Eu acho sexy homens de terno, Rede Globo, CQC, MTV, Magoar te dá Tesão? e FMU Oficial”.

Não vou comentar suas comunidades “Eu acho sexy homens de terno” e nem “Magoar te dá tesão?” por considerar tais opções muito particulares. Mas em relação ao fato da moça estudar na FMU, a Faculdade Metropolitanas Unidas, queria fazer algumas considerações. Nada contra a instituição ou aos que nela estudam, mas pela situação social da garota, ela deve ter estudado em escola particular a vida inteira e se fosse um pouco mais esforçada teria entrado numa faculdade onde a relação candidato/vaga é um pouco mais dura.

Ou seja, como boa parte dessa classe média alta paulistana, Mayara é arrogante, mas não se garante. Muita garota da periferia, sem as mesmas condições econômicas que ela deve ter conseguido vôos mais altos, deve já ter obtido mais conquistas do que a de poder consumir o que bem entende por conta da boa situação financeira da família.

Ontem, Mayara pediu desculpas pelo “erro”. Disse que afinal de contas “errar é humano” e que “era algo pra atingir outro foco” e que “não tem problema com essas pessoas”. Não desceu do salto alto nem pra se penitenciar. Preferiu fazer de conta que era uma coisa menor, ao invés de pedir perdão, afirmar que era um erro injustificável e que entendia toda a revolta que seu post produzira.

“MINHAS SINCERAS DESCULPAS AO POST COLOCADO NO AR, O QUE ERA ALGO PRA ATINGIR OUTRO FOCO, ACABOU SAINDO FORA DE CONTROLE. NÃO TENHO PROBLEMAS COM ESSAS PESSOAS, PELO CONTRARIO, ERRAR É HUMANO, DESCULPA MAIS UMA VEZ.”


Ela foi criada para isso. Para dispensar esse tipo de tratamento a nordestinos e pobres e por isso a dificuldade de ser mais humilde. É difícil para esse grupo social entender que preconceito é crime por ensejar um tipo de xenofobia que coloca quem o pratica no mesmo patamar de um tipo como Hitler. Ela odeia nordestinos. Ele odiava judeus. A diferença é que ela não pode afogar de fato aqueles que vivem na parte de cima do mapa. Já o alemão pôde fazer o que bem entendia com aqueles que julgava ser um estorvo na sociedade que governava.

Mas Mayara é o produto de um tipo de discurso. Ela não merece ser responsabilizada sozinha por isso. Talvez seja o caso de alguma entidade vinculada à cultura nordestina mover um processo contra a estudante. Menos pra tirar dinheiro ou coisa do gênero, mais para utilizar o caso como exemplo. E fazer com que ela atue em espaços vinculados à cultura da região para aprender a ter mais respeito com a história e com o povo dessa parte do Brasil.

Os verdadeiros culpados são outros. São aqueles que com seus discursos preconceituosos têm alimentado esse separatismo brasileiro. E em boa medida isso se dá pela nossa “linda e bela” mídia comercial e mesmo pela manifestação de um certo setor da política que sempre que pode busca justificar a vitória da aliança liderada pelo PT como produto do “dinheiro dado a essa gente ignara e preguiçosa que vive no Nordeste a partir do Bolsa Família”. Ou Bolsa 171, nas palavras de Mayara.

Mas esse comportamente também é produto de um tipo de preconceito velhaco que nunca foi combatido de forma educativa e que é alimentado diariamente nos ambientes familiares dessa elite branca. Cláudio Lembo sabia do que estava falando quando usou essa expressão. Ou começamos a discutir esse preconceito com seriedade, tentando combatê-lo com leis claras, educação e cultura ou corremos o risco de mesmo avançando em aspectos econômicos, retroceder do ponto de vista de outras conquistas democráticas.

Afinal, ainda há quem ache que pregar a morte daqueles que pensam diferente é apenas um problema de foco.

Atualizando: A Juliana Freitas me envia um vídeo feito por ela que demonstra como Mayara é muitos. É um vídeo triste, mas merece ser visto.


Entrevista com a mãe de Dilma Rousseff

O telefone tocou por volta de 21h30. “Mãe, eu estou muito feliz. Como a senhora está?”, perguntava Dilma, a filha. “Eu estou muito bem, felicíssima˜, respondeu Dilma, a mãe. A rápida conversa no domingo à noite foi logo interrompida do outro lado, em Brasília, por alguém que chamava a recém-eleita para algum compromisso. “Mãe, te ligo mais tarde”, despediu-se a filha de dona Dilma Jane Silva Rousseff, pouco antes de fazer o primeiro pronunciamento à nação como presidente da República.
 
Do lado de cá da linha, dona Dilma, 86, também não parava de atender aos telefonemas de familiares cumprimentando pela vitória de sua filha nas urnas.
Jornal O Tempo

“Eu já estou acostumada. De repente, quando nós duas estamos almoçando, o telefone toca e ela nem termina de comer”, conta a mãe, em sua casa no bairro São Luís, região da Pampulha. Era lá que a nova presidente do Brasil costumava se reunir com seus aliados políticos mineiros quando vinha a Belo Horizonte, entre eles o ex-prefeito da capital Fernando Pimentel, candidato derrotado na disputa pelo senado.

Muito bonita, produzida e, acima de tudo, feliz, dona Dilma não se cansava de dizer a O TEMPO como estava satisfeita com vitória da filha, “depois de tudo que ela passou”. “O que fizeram com minha filha nessas eleições, eles acabaram com ela. Foi uma campanha muito dura”, desabafou.

Na entrevista, a mãe da primeira presidente mulher do Brasil falou de tudo: a infância da filha, a prisão pela ditadura e de política. Relembrou a paixão da nova presidente pela leitura. "Ela sempre gostou muito de ler. Como o ensino naquela época era muito diferente de hoje, ela foi aprender mesmo a ler com 7 anos”, contou. Dilma estudou no Instituto Izabela Hendrix.

“Dilminha sempre foi muito rápida. Ela tem o raciocínio muito rápido, puxou o pai (o engenheiro e poeta búlgaro Pétar Russév, naturalizado brasileiro como Pedro Rousseff, morto na década de 70). Não que eu seja burra”, brincou a professora aposentada, cercada pelos cinco cachorrinhos que vivem com ela e a irmã, Arilda Terezinha Silva. Até para cozinhar, a presidente eleita é ágil, garante a mãe. “Acho que é porque ela não tem muito tempo, então ela tempera tudo muito rápido”.

Questionada sobre o prato favorito da filha ilustre, dona Dilma diz que ela come de tudo, "desde que seja bem temperadinho”. E se lembrou de quando ela estudava no bairro Sion, no colegial, e tinha uma colega que adorava almoçar em sua casa porque sempre tinha sardinha. “Ela sempre gostou muito de peixe. Tinha que fazer sardinha lá em casa pelo menos duas vezes por semana”, contou.

Folha de S.Paulo: derrotados da eleição



Otávio Frias Filho e sua Folha se esforçaram de forma comovente. Trabalho árduo ser uma usina de denúncias inúteis.

Nos 30 dias que antecederam o primeiro turno, em 23 deles a Folha estampou em sua primeira página manchetes garrafais sobre escândalos envolvendo a candidata Dilma. Uma verdadeira obsessão patológica.

Ela foi acusada até de ter causado prejuízo de R$ 1 BILHÃO a consumidores de luz. Factoide patético. Em nenhum único dia apareceu algo negativo sobre José Serra. Nem unzinho sequer.

Até a ombudsman do jornal acusou a Folha de ser parcial na cobertura da campanha.

Tivesse Dilma Rousseff ligado para um ministro do Supremo Tribunal Federal para solicitar favores, assim como fez José Serra, seria o fim do estado democrático de direito. Mas, para a Folha, não passou de marolinha tucana.

Amaury Ribeiro Jr., repórter que serviu ao O Estado de Minas investigando Serra, pode espernear e uivar em protesto, mas será um espião petista até o fim dos dias. A verdade que vá às favas.

Quando viram a casa caindo, avisados pelas pesquisas que a eleição já estava decidida, a redação da Folha correu e noticiou a fraude na concorrência do Metrô em São Paulo. Afinal, para alguma coisa o DataFolha tem de servir (além de aos próprios interesses).

Não é fácil posar de apartidário, independente e ruralista. Ou algo parecido. Principalmente quando não se é. O fracasso lhes subiu à cabeça.

O Provocador

A história de Dilma - reportagem de qualidade

Respirar é possível


 Para governos "desalinhados" do continente e para as classes sociais que os levaram ao poder, as eleições no Brasil foram um sinal de esperança

BOAVENTURA DE SOUSA SANTOS na Folha

As eleições no Brasil tiveram uma importância internacional inusitada. As razões diferem consoante a perspectiva geopolítica que se adote. Vistas da Europa, as eleições tiveram significado especial para os partidos de esquerda. A Europa vive uma grave crise, que ameaça liquidar o núcleo duro da sua identidade: o modelo social europeu e a social-democracia. Apesar de estarmos diante de realidades sociológicas distintas, o Brasil ergueu nos últimos oito anos a bandeira da social-democracia e reduziu significativamente a pobreza. Fê-lo reivindicando a especificidade do seu modelo, mas fundando-o na mesma ideia básica de combinar aumentos de produtividade econômica com aumentos de proteção social. Para os partidos que, na Europa, lutam pela reforma do modelo social, mas não por seu abandono, as eleições no Brasil vieram trazer um pouco mais de ar para respirar. No continente americano, as eleições no Brasil tiveram uma relevância sem precedentes. Duas perspectivas opostas se confrontaram. Para o governo dos EUA, o Brasil de Lula foi um parceiro relutante, desconcertante e, em última análise, não fiável. Combinou uma política econômica aceitável (ainda que criticável por não ter continuado o processo das privatizações) com uma política externa hostil. Para os EUA, é hostil toda política externa que não se alinhe integralmente com as decisões de Washington. Tudo começou logo no início do primeiro mandato de Lula, quando este decidiu fornecer meio milhão de barris de petróleo à Venezuela de Hugo Chávez, que nesse momento enfrentava uma greve do setor petroleiro, depois de ter sobrevivido a um golpe em que os EUA estiveram envolvidos. Tal ato significou um tropeço enorme na política americana de isolar o governo Chávez. Os anos seguintes vieram confirmar a pulsão autonomista do governo Lula. O Brasil manifestou-se veementemente contra o bloqueio a Cuba; criou relações de confiança com governos eleitos, mas considerados hostis -Bolívia e Equador-, e defendeu-os de tentativas de golpes da direita, em 2008 e em 2010.

Colunista do "New York Times" aconselha Obama seguir o exemplo de Lula


Globo vai a Dilma

Dilma falou antes, ao vivo, com Ana Paula Padrão e Adriana Araújo, do "Jornal da Record".
Depois falou à Globo em Brasília, no que William Bonner tentou descrever como "a bancada do 'Jornal Nacional'". Ouviu perguntas muito diversas das que a acompanharam no último ano na Globo, coisas como, entre mesuras e sorrisos, "Chorou?".
Por fim, falou ainda à TV Brasil e à RedeTV!.


DILMA LÁ
No meio do dia, nos sites e portais, as manchetes traziam as ligações de presidentes, sobretudo Obama, que "convida Dilma aos EUA", no G1, e "pede países ainda mais próximos", no R7. No UOL, "Obama parabeniza vitória histórica".
portais e também no exterior, Dilma viaja à África e depois ao G20, na semana que vem.



 
NAS CAPAS
Dilma em jornais de França, Portugal, Reino Unido, Argentina, Chile, Colômbia, Venezuela, Espanha etc.

CONTINUIDADE E TESTES
Sob o título acima, na home do Council on Foreign Relations, com foto de Dilma, Julia Sweig apresentou o "primeiro olhar" do establishment americano de política externa. Em suma, "a eleição de Dilma assegura estabilidade nas políticas internas que impulsionaram o Brasil, mas China e EUA surgem como desafios de política externa".
Avalia a eleição como "endosso dos programas com assinatura de Lula" e sublinha a maioria no Congresso. Prevê maior domínio comercial e diplomático na região, maior presença na África e "grande papel" no G20, clima etc. Na relação com os EUA, vê "chance para novo começo", embora a vitória republicano nos EUA deva dificultar.

NÃO SUBESTIME DILMA
Na home da "Foreign Policy", sob o título "EUA não devem subestimar Dilma ou o Brasil", David Rothkopf, ex-governo Clinton, abre análise citando Tom Jobim, "o Brasil não é para iniciantes". E alerta que, "ao contrário do que dizem seus críticos, a mulher já conhecida apenas como Dilma não é nenhuma iniciante". Lista guerrilha, tortura e ascensão executiva, até "primeira-ministra de Lula".
E fala do "nível frustrante" das reuniões de que participa em Washington, contrastando com encontros recentes com o chanceler Celso Amorim e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. E com o embaixador Thomas Shannon.
Diz que "muitos nos EUA ainda precisam aprender a ver o Brasil como uma China ou França". E cobra uma "política não de iniciantes", que não veja o Brasil, por exemplo, como circunscrito à América Latina.

Mais pressão Marco Vicenzino, do Global Estrategy Project, organização de "pesquisa geopolítica" de Washington, publicou no "FT" o artigo "Brasil ascendente precisa explicar o que quer". Descreve o país como "enigma diplomático". E cobra, por exemplo, maior "segurança" corporativa, questionando o apelo à "carta nacionalista" no petróleo.

Ousadia Já Roger Cohen, colunista de política externa no "New York Times", escreve cobrando "ousadia" de Obama. E aconselhando seguir o exemplo de Lula, "agora prestes a deixar o cargo depois de uma presidência extraordinária". Lembra a proximidade do perfil de ambos -e como, até aqui, "Obama falha no teste de autenticidade" do personagem.

E TOME DÓLAR
No alto das buscas no Google News, com "Wall Street Journal", em reportagem ecoada até na CNN: "Ações no Brasil em alta, vitória de Rousseff reforça apetite por risco". E o semanário "Barron's", ligado ao "WSJ", publicou longo artigo alertando para os "Riscos geopolíticos da eleição nos EUA", com reflexos nas "grandes potências regionais". Jeff Kelintop, estrategista-chefe do LPL Financial, escreve que, com a redução das tropas no Iraque e no Afeganistão e a vitória republicana, o poderio militar dos EUA retorna e, com ele, "maior volatilidade nos mercados globais". A "maior seletividade" dos investidores deve afetar mais as áreas de "tensão", como o "nordeste asiático", em contraste às de "baixo potencial de risco, como a América do Sul".

Do que foi dito, ou não


As ressalvass ainda persistentes ao preparo de Dilma Rousseff para tornar-se presidente -algumas, de evidente seriedade, a maioria com os mesmos odores exalados durante a campanha eleitoral- remetem a um precedente já integrado à história e a duas constatações bem à mão.


JÂNIO DE FREITAS, Folha de S.Paulo

As semelhanças entre o tratamento opositor dado a Dilma Rousseff e a Michelle Bachelet, que neste ano passou a Presidência do Chile a Sebastián Piñera, chegam a parecer original e reimpressão. Médica e ex-ministra, na campanha e antes da posse Bachelet foi submetida à insistência de ressalvas e contestações à sua experiência administrativa, à capacidade de enfrentar os problemas econômicos que diziam avizinhar-se do Chile e ao traquejo para operar com as forças parlamentares. Era, lá, a antecipação de escritos e vozes do Brasil de hoje.

No Chile de tão forte direitismo, pesavam sobre Bachelet desconfianças de que sua Presidência teria as marcas das ideias socialistas com que era identificada e, de quebra, do ressentimento que lhe supunham: Bachelet também fora vítima da ditadura militar chilena. Lá, como cá.

Apesar de tantas semelhanças entre a ex-presidente e a eleita presidente, o passado de Michelle Bachelet nada prenuncia do futuro de Dilma Rousseff, mas nem por isso o registro é inútil: ao passar o governo, Michelle Bachelet vinha com 85% de aprovação, o maior índice já alcançado na América Latina. Justo tributo à sua Presidência de um país difícil.

Agora, as duas constatações. A primeira: todos os que apontaram falta de experiência administrativa em Dilma Rousseff -refrão que ecoou por mais de um ano- sabiam que ela chefiou o Gabinete Civil da Presidência desde a também notória demissão de José Dirceu, portanto, de 2005 a 2010. O Gabinete Civil é o centro nevrálgico da Presidência. Durante cinco anos, Dilma Rousseff esteve envolvida com todas as decisões administrativas da Presidência e, de algum modo, participou ou acompanhou as demais. É uma experiência de governo federal que nenhum outro candidato acumulou, nas eleições pós-ditadura e talvez também nas anteriores.

A experiência proporcionada por anos no Gabinete Civil não é garantia de alto desempenho no Gabinete Presidencial. Desde que a função seja exercida segundo o esperado, porém, não permite comparações, como conhecimento da administração federal, com anos no Ministério da Saúde, ou do Planejamento, ou outro ministério.

Com prefeitura e com governo estadual, a comparação nem faz sentido, assim como ocorre à experiência de congressista. Se Dilma Rousseff falhar, não será pela carência que mais lhe pespegaram indevidamente.

Em complemento, o ato mais irresponsável de toda a sucessão presidencial foi dispensado de assédio pelo ímpeto das ressalvas e contestações. A existência de vice-presidente no sistema governamental é o reconhecimento de que o país está sujeito à falta imprevista do presidente. Há outras soluções possíveis, mas essa é a brasileira. E comprovou-se, para ficarmos na história recente, quatro vezes. Duas em apenas 20 anos de democracia entre a ditadura de Getúlio e a ditadura dos militares, com as posses dos vices Café Filho e João Goulart; e outras duas no atual regime, com José Sarney e Itamar Franco.

A escolha do vice em uma chapa presidencial ou governamental é, portanto, ato de extrema responsabilidade. Ou, pelo menos, de responsabilidade equivalente àquela de que o candidato principal se pretende portador. Mas o vice de José Serra deveria representar, a meu ver, o maior motivo de preocupação em todo o processo sucessório. Emplacado, como presença do DEM na chapa, sem que o candidato principal nem sequer soubesse de quem se tratava, Indio da Costa era um risco de calamidade na eventual ocorrência de um incidente impeditivo de José Serra, se eleito.

Reconhecido como atrabiliário, violento, político recente, sem credenciais de talento especial ou maior competência, Indio da Costa -não por culpa sua- fez caber a José Serra o ato mais irresponsável e injustificável de toda a sucessão.
Sucessão, por sinal, que deixa muito a ser falado, de bom e, sobretudo, não.

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