• Imagen 1 STEVE JOBS, AS COISAS QUE NINGUÉM DIZ
    Quão honestamente a sua vida é avaliada.

O escândalo definitivo

A suspeita  de que (Gilmar Mendes) toma decisões sob influência de um candidato configura escândalo de proporções republicanas, agravado pelo fato de que o ministro usou como justificativa para interromper o julgamento um argumento utilizado por José Serra nesta segunda-feira, dia 27 – a de que o PT pretende mudar a regra do jogo na última hora.


Por Alberto Dines

Parece ironia, mas o último grande escândalo da atual campanha eleitoral não vai atingir a candidata do governo, mas seu principal adversário.

Segundo a Folha de S.Paulo, foi após um telefonema do ex-governador José Serra que o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes decidiu pedir vistas do processo e interromper a votação da Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada pelo Partido dos Trabalhadores contra a obrigatoriedade de o eleitor apresentar dois documentos na hora de votar.

Tanto o ministro como o ex-governador negam ter conversado por telefone, mas um repórter da Folha testemunhou a ligação, e foi capaz até mesmo de reproduzir a introdução da conversa.

Segundo o jornal paulista, José Serra ligou para Gilmar Mendes pouco antes das 14 horas desta quarta-feira.

Algumas horas mais tarde, Mendes pediu vistas do processo, interrompendo o julgamento, quando o pedido de suspensão da nova norma já tinha sete votos favoráveis à eliminação da exigência e nenhum contra.

O que está em julgamento é a determinação, criada por lei do ano passado, de que o cidadão tenha que apresentar, na hora da votação, além do seu título eleitoral, outro documento com fotografia.

A direção da campanha da ex-ministra Dilma Rousseff concluiu, recentemente, que essa norma pode prejudica-la, pois as pesquisas mostram que ela conta com os votos da maioria da população mais pobre e menos escolarizada, que tem mais dificuldade para obter documentos.

Além disso, segundo o partido governista, muitos cidadãos de cidades do Nordeste atingidas por inundações e deslizamentos perderam seus documentos, o que os impediria de exercer o direito de voto.

Até ser interrompido pelo pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes, o julgamento estava 7 a 0 em favor da extinção dessa exigência.

Mendes alegou que o caso não era de urgência, uma vez que os interessados tiveram um ano para contestar a lei.

Teoricamente, sua alegação poderia ser justificada, mas a reportagem da Folha sugere que a decisão do ministro foi tomada sob influência de um dos candidatos.

A suspeita de relações impróprias entre um ministro do Supremo Tribunal Federal, ex-presidente da corte, e um candidato em disputa eleitoral, é o escândalo da hora.

O jornal por testemunha

Os jornais O Estado de S.Paulo e O Globo também noticiaram a suspensão do julgamento, e o Estadão chega a citar especulações sobre um eventual telefonema de José Serra ao ministro Gilmar Mendes, mas acaba optando por valorizar a declaração dos dois personagens, negando a ocorrência do telefonema.

Sabe-se, agora, que houve realmente a conversa telefônica antes da decisão do ministro porque os repórteres da Folha de S.Paulo puderam testemunha-la.

Além disso, se a polêmica se estender, a qualquer momento pode-se confirmar a ocorrência dessa conversação, por decisão judicial, consultando-se a empresa de telefonia celular utilizada.

Esse é o valor crítico do jornalismo presencial, no qual o repórter se coloca junto ao local dos acontecimentos, em vez de fazer a cobertura por telefone ou pela internet.

A informação bancada pela Folha equivale a uma denúncia de tráfico de influência e pode afetar a imagem do Supremo Tribunal Federal, que vem sendo criticado por não haver tomado uma decisão clara no caso da Lei da Ficha Limpa.

O Estadão publica nesta quinta-feira um comentário sobre a politização do Supremo, afirmando que a corte “há muito perdeu sua característica essencialmente constitucional”.

O ministro Gilmar Mendes não tem certamente uma imagem pública favorável desde que mandou soltar o banqueiro Daniel Dantas.

A suspeita de que toma decisões sob influência de um candidato configura escândalo de proporções republicanas, agravado pelo fato de que o ministro usou como justificativa para interromper o julgamento um argumento utilizado por José Serra nesta segunda-feira, dia 27 – a de que o PT pretende mudar a regra do jogo na última hora.

Diante dos números contraditórios das últimas pesquisas eleitorais, os analistas de campanha vêm afirmando que apenas um fato novo poderia alterar o equilíbrio de forças nas eleições do próximo domingo.

Apesar de toda a imprensa estar forçando, nos últimos dias, para que esse fato seja a discussão em torno da legalização do aborto, que em tese prejudicaria a candidata governista, o acontecimento envolvendo o candidato da oposição e um ministro do Supremo Tribunal Federal pode ser o elemento que faltava para definir se teremos ou não segundo turno.

Nos corredores do Supremo, fala-se em impeachment de Gilmar Mendes


–1. A matéria apresentada pelo Jornal Folha de S. Paulo é de extrema gravidade. Pelo noticiado, e se verdadeiro, o ministro Gilmar Mendes e o candidato José Serrra, tentaram, por manobra criminosa, retardar julgamento sobre questão fundamental, referente ao exercício ativo da cidadania, ou seja, o direito que o cidadão tem de votar.

Atenção: Gilmar e Serra negam tenham se falado. Em outras palavras, a matéria da Folha de S.Paulo não seria verdadeira.

Pelo que se infere da matéria, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes interrompeu o julgamento do recurso apresentado pelo PT. Pela ação proposta, considera-se inconstitucional a obrigatoriedade do título eleitoral, acrescido de um documento oficial com fotogtafia. dois documentos na hora de vota.

O barômetro em Brasília indica alta pressão. Pressão que subiu com o surpreendente pedido de “vista” de Mendes. E que chegou no vermelho do barômetro em face da matéria da Folha de S.Paulo. Ligado o fato “a” (adiamento) com o “b” (pedido de Serra), pode-se pensar no artigo 319 do Código Penal: crime de prevaricação.

Já se fala entre políticos, operadores do Direito e experientes juristas, caso o fato noticiado na Folha de S.Paulo tenha ocorrido e caracterizado o pedido de Serra para Gilmar “parar” o julgamento, ,em impeachment.
do ministro.

Após falar com Serra, Mendes para sessão

Ministro do STF adiou julgamento que pode derrubar exigência de dois documentos na hora de votar, pedida pelo PT
Candidato e ministro negam conversa, que foi presenciada pela Folha; julgamento sobre se lei vale continuará hoje

Moacyr Lopes Júnior
Catia Seabra, FOLHA

Após receber uma ligação do candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes interrompeu o julgamento de um recurso do PT contra a obrigatoriedade de apresentação dos dois documentos na hora de votar.

Serra pediu que um assessor telefonasse para Mendes pouco antes das 14h, depois de participar de um encontro com representantes de servidores públicos em São Paulo.
A solicitação foi testemunhada pela Folha.

No fim da tarde, Mendes pediu vista (mais prazo para análise), adiando o julgamento. Sete ministros já haviam votado pela exigência de apresentação de apenas um documento com foto, descartando a necessidade do título de eleitor.

A obrigatoriedade da apresentação de dois documentos é apontada por tucanos como um fator a favor de Serra e contra sua adversária, Dilma Rousseff (PT). A petista tem o dobro da intenção de votos de Serra entre os eleitores com menos escolaridade.
A lei foi aprovada com apoio do PT e depois sancionada por Lula, sem vetos.

"Não concordo com corrupção. Eu quero defender toda aquela corrupção"



O vídeo acima contém, por assim dizer, os “melhores momentos” de Weslian Roriz no debate global realizado na noite passada.

Convertida pelo marido, Joaquim Roriz, em candidata ao governo do DF, Weslian exibiu incompetência diante das câmeras com a máxima competência.

Casada com Roriz há cinco décadas, a neocandidata deveria levar o marido às barras dos tribunais. Precisa acioná-lo pelo crime de lesa-matrimônio.

Quando os tucanos pedem censura

Este é o aspecto curioso deste episódio. Os tucanos acusam os petistas de pressionar a imprensa para não publicar notícias desagradáveis. Mas, na hora da dificuldade, é o PSDB quem parte para a truculência.

Por Paulo Moreira Leite - Revista Época (Organizações Globo)

Menos de uma semana depois que o PSDB promoveu um ato de protesto em defesa da liberdade de imprensa, no Largo São Francisco, em São Paulo, Mauro Paulino, diretor do DataFolha, escreve no jornal:

“Enquanto o PT vociferava contra os excessos da imprensa, o PSDB opunha-se concretamente ao direito constitucional de livre acesso à informação, censurando divulgações de pesquisas no Paraná. A pedido do candidato tucano Beto Richa, os juízes do TRE local proibiram os institutos de divulgar seus resultados. A decisão transforma o Paraná em um sombrio laboratório da classe política em seu anseio de reservar essas informações apenas para consumo próprio. Aos eleitores, cobaias da desinformação, oferecem em troca a boataria das porcentagens.”

Quem é Eduardo Jorge, o tucano que só fala em "sigilo fiscal"

Virou uma obsessão na vida do tucano Eduardo Jorge Caldas Pereira a questão de seus sigilos. A toda hora o sujeito aparece reclamando que alguém violou seus sigilos fiscal e bancário. Agora, ele inventou que andaram bisbilhotando o tamanho de sua fortuna também no Banco do Brasil. Alguém que tem tanto medo de ter seus dados revelados só pode ter motivos inconfessáveis para isso.


Não é preciso ir muito longe para saber quais são. Uma simples pesquisa no Google ajuda a revelar quem é e o que fez Eduardo Jorge. E as notícias não são nada honrosas para o emplumado tucano.

Veja abaixo o que diz a revista Veja --isso mesmo, a "insuspeita" revista da direita paulista-- sobre as "atividades" de Eduardo Jorge:



Edição 1 658 - 19/7/2000
Sérgio Lima/Folha Imagem/Ricardo Stuckert

– O senhor acha que ele pode estar usando seu nome para facilitar negócios, presidente?
– Não tenho provas, mas não tenho dúvidas.

Diálogo de Fernando Henrique e um ministro sobre Eduardo Jorge

Toda Mídia - Pesquisa

No meio do dia, o "Wall Street Journal" chegou a postar, em título, que as ações caíam no Brasil porque a "favorita escorrega" no Datafolha e "os investidores começam a contemplar a possibilidade de a corrida durar mais do que o esperado". Agências noticiaram, com um analista dizendo que a decisão vai depender do "foco da TV nos escândalos" e outro apontando a "novidade Marina". Fim do dia, a Bolsa subiu.

Pesquisas
O blog de Josias de Souza postou que, segundo ministro, Lula estaria "muito confiante" em vitória "no domingo". Já o Radar de Lauro Jardim postou que nas pesquisas internas petistas, com Vox Populi, "Dilma se elege no primeiro turno, mas a diferença" caiu de 20 a 12 pontos em uma semana. Fim do dia no iG, "Tracking: Dilma tem 55% dos votos válidos", mais uma entrevista com o diretor do Vox.

Pesquisas
E o blogueiro Ricardo Noblat tuitou que o Ibope a ser divulgado hoje "também mostrará redução na vantagem de Dilma". Mas a diretora do instituto, Márcia Cavallari, avaliou ontem no Radar que o percentual de nulos, brancos e indecisos "está chegando ao patamar histórico" e, portanto, será preciso "tirar votos diretamente de Dilma". Ela afirma que é "difícil isso ocorrer, mas não impossível".

DILMA VS. SERRA
O "New York Times" publicou ontem o longo artigo "Uma mulher se levanta no Brasil", em que Luisita Lopez Torregrosa, que foi editora no jornal, descreve uma eventual eleição de Dilma como "histórica", dizendo que "ela comandaria um país com a oitava maior economia no mundo".
Sob o título "Serra deve sair com lamúrias", whimper no original, o correspondente da Reuters, Raymond Colitt, postado por "NYT" e outros, escreve que na reta final o candidato "apela a ataques à China" em entrevista à Globo e a "teorias conspiratórias" sobre a falha no metrô.

PETROBRAS VS. SHELL
Na manchete do UOL à tarde, "Governo eleva fatia de controle na Petrobras". Na submanchete, "Shell encontra indícios de petróleo na bacia de Santos".
Na manchete do G1, "Governo amplia fatia na Petrobras para 64%". E na manchete do Terra, "Shell encontra petróleo no pré-sal da bacia de Santos".
No site do "WSJ", só a boa notícia da Shell.

GUERRA CAMBIAL MUNDIAL
Na manchete de papel do "Financial Times", ontem, "Brasil em alerta por guerra cambial mundial". Além da reportagem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, cinco textos abordaram o tema. A coluna Lex criticou os "desvalorizadores" Japão, China, EUA, Reino Unido e Coreia do Sul.
No "WSJ" foram quatro textos. A análise "Como terminam as guerras cambiais" abriu dizendo que "nunca um político usou palavras tão sinceras quanto Guido Mantega". E criticou os cinco países do "FT", mais Colômbia, Tailândia, Cingapura, Taiwan.
Os dois jornais ouviram depois o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, em Londres. "Sem mencionar países", ele pôs "mais combustível nas chamas da guerra cambial", dizendo: "Nós não vamos pagar o preço por isso".

O MITO
ft.com


O colunista Gideon Rachman escreveu no "FT" sobre "O mito em movimento de Lula", creditando a ele, em parte, a "nova ordem global"

E TOME LULA

liberation.fr


O francês "Libération" deu capa ontem para "Lula, o Brasil reinventado", chamando para um caderno com 16 páginas sobre o país, inclusive uma segunda capa com outra imagem de Lula. Abrindo os diversos perfis, "Lula, um destino brasileiro". A edição inclui uma entrevista com seu ex-assessor Oded Grajew, sob o enunciado "Lula não me engana mais"

Compra-se TV que sintonize a Globo. Favor entregar na Editora Abril

Que a revista Veja é uma pobreza, sempre soube. Mas não a ponto de precisarmos fazer uma vaquinha para ajudá-la a comprar um televisor que sintonize a Globo.


Semana sim, semana também, a publicação quer ensinar os outros a fazer TV de qualidade, já que jornalismo impresso eles não conseguem. Na edição desta semana, a revista da marginal subiu no palanque para criticar o que considera “apelativo”, “humilhante” e “impiedoso” na programação da Record e do SBT. Nenhuma linha sobre a Globo.


Deve ser mania de oligopólios. Eles que se acham grandões e intocáveis devem se entender muito bem. Até combinam. Devem se ver por aí.


Falta de sintonia com a emissora que não é. O que falta é eles sintonizarem o canal da Velha Senhora para aprender o que é sensacionalismo de qualidade.


Até o Faustão já pediu desculpas por fazer seu serviço, quando expôs seus anões e seu circo de domingo. E Hipertensão? A nova "sensação" de Boninho e sua trupe já bastava para demonstrar o quanto a reportagem foi parcial.


Esse programa é o requinte da crueldade. Outro dia, vi uma pizza de larvas com olho de boi sendo engolida em meio a vômitos dos participantes ao lado. Sem cortes. Quanta elegância! O site do programa descreve uma prova da seguinte maneira, bem acadêmica: "Na Prova de Eliminação desta quinta-feira, os temidos olhos de boi vieram acompanhados de miolos. Os quatro participantes na berlinda tiveram que se ‘deliciar’ no tempo máximo de dois minutos. Quem demorou mais para estourar os olhos e em seguida comer o cérebro foi o perdedor".


Estourar os olhos e o cérebro do telespectador parece ter virado especialidade da atração.


A diferença é que eles escolhem garotões sarados e mocinhas bem nascidas para o papel de cretinos. Se o elenco tiver a cara da elite branca, então pode?


TV aberta é entretenimento. Quando dá, presta serviço e informa. É um mundo difícil, para estômagos e mentes fortes. O povo quer se divertir, e tem esse direito.


Nessa hora, aparece uma revista iluminada e diz o que é bom e o que é ruim. Acusam o Lula de agir como messias, mas não perdem a chance de abrir o Mar Vermelho. Para a Globo passar.

O PROVOCADOR

Quarta-feira, já!?

Charlie Brown Jr. - Senhor do Tempo

O mal a evitar

No mesmo dia, o último domingo, os dois jornais mais influentes do país publicaram editoriais contundentes sobre as eleições que se avizinham. Com o mesmo tom e muitas semelhanças, é uma coincidência muito grande, ou é resultado de algum tipo de combinação. Ficam as especulações. O que é fato é que, tomando posições diferentes sobre si mesmos, Folha de S. Paulo e Estadão tomaram a mesma posição sobre a sucessão presidencial, e com ataques pesados.
O Estadão teve uma atitude honrada, mas os meios que usou para esse fim mereceriam outros adjetivos, todos eles negativos. Declarou, nesse editorial, apoio ao candidato do PSDB à presidência, José Serra, como a revista Carta Capital já havia feito com a petista Dilma Rousseff. Até aí tudo bem, é uma decisão questionável, mas ao menos o jornal não se traveste de uma falsa imparcialidade. Dos males o menor.
As justificativas do Estadão para defender Serra, porém, são perigosas, pois, pra começar, praticamente ignoram o candidato tucano. Concentram-se todas em seus adversários petistas, Dilma e o presidente Lula, e não são apenas críticas. São críticas agressivas, que buscam criar um clima de confronto aberto com Lula, um clima pesado que remete a filmes que já vimos, e dos quais não gostamos.
Com o título “O mal a evitar”, o Estadão diz que Lula não gosta de ser criticado, quando na verdade o que aparece é que as críticas ao jornal paulista não vêm sendo bem assimiladas por seus chefões. O editorial dá a entender que o governo não gosta da imprensa, não gosta da liberdade e é um mar de corrupção. Diz que Lula ignora as instituições e atropela as leis, e reconhece no presidente dois aspectos positivos: a manutenção da política econômica de seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e o avanço dos programas sociais.
Curiosamente, são os dois aspectos positivos reconhecidos também pela Folha de S. Paulo em editorial do mesmo dia. Com o título “Todo poder tem limite”, a Folha busca, novamente, o poder absoluto para si mesma e para os veículos que, junto com ela, formam a imprensa hegemônica brasileira, e têm trabalhado de forma muito entrosada na atual campanha eleitoral. O tom do texto é o mesmo: fala em “risco”, enquanto o Estadão fala em “mal a evitar”. Diz que o governo “julga-se acima das críticas”, enquanto o Estadão diz que Lula “tem o mal hábito de perder a compostura quando é contrariado”. E por aí vai. Editoriais orquestrados ou coincidência?
O texto da Folha, porém, reafirma categoricamente sua imparcialidade, sua isenção. O jornal se classifica como “imprensa independente”, de forma quase patética, e, no último parágrafo, assusta seus leitores mais atentos ao histórico da imprensa hegemônica brasileira, apoiadora do Golpe Militar de 1964. Como uma ameaça à democracia fantasiada de ameaça ao PT, afirma:
 
Fiquem ambos (Lula e Dilma) advertidos, porém, de que tais bravatas somente redobram a confiança na utilidade pública do jornalismo livre. Fiquem advertidos de que tentativas de controle da imprensa serão repudiadas – e qualquer governo terá de violar cláusulas pétreas da Constituição na aventura temerária de implantá-lo.
A Folha, que se diz livre, independente e diz possuir “utilidade pública”, ameaça quase abertamente derrubar o governo Dilma que deve se confirmar em 3 de outubro. Só não vê a ameaça quem não quer. A grande imprensa brasileira está à frente de uma cruzada contra os governos federais do PT, e aos poucos deixa de esconder isso, perde a vergonha completamente. Para quem a perdeu 46 anos atrás, não custaria nada perder novamente. Esse é o verdadeiro mal a evitar.
*A capa da Folha de S. Paulo de duas semanas após o Golpe de 64 foi retirada do blog Brasil Autogestionário.

“BRASIL DESLUMBRA”, diz Financial Times. Também, no Le Monde, “Lula, presidente inoxidável”

Toda Mídia – FOLHA SP
NELSON DE SÁ – nelsonsa@uol.com.br
Personagens
O francês “Le Monde” deu o longo artigo “Lula, presidente inoxidável”, em que dois cientistas políticos relatam seu pragmatismo e “a luta contra a pobreza” nos oito anos que o tornaram “personagem mítico”. Avisam que a “favorita” Dilma Rousseff é diferente. O “Financial Times”, na mesma linha, cobriu o comício de Porto Alegre sob o título “Lula se mostra espetáculo difícil de substituir no palco político”. Já o “Independent” saudou “A ex-guerrilheira prestes a se tornar a mulher mais poderosa do mundo”.
Por outro lado, o “FT” já tratava ontem da “surpresa” Marina Silva, cuja “ascensão fala tanto sobre a campanha sem brilho de José Serra como sobre as credenciais comoventes de Ms. Silva”. Diz que “sua saída da pobreza e do analfabetismo na Amazônia rural, um dos 11 filhos de um seringueiro, dá a ela credibilidade comparável à de Mr. Lula da Silva”.
“BRASIL DESLUMBRA”
No editorial “Brasil deslumbra a finança global”, o “Financial Times” saúda como a Petrobras “levantou US$ 67 bilhões”, equivalentes à produção anual de “países de bom tamanho” -e como “tudo se deu em São Paulo, como exultou o presidente Lula”.
Mais que “um grande negócio, é um marco da crescente presença financeira internacional do Brasil”, diz o jornal, avisando que “a globalização das finanças brasileiras será cada mais sentida nos centros internacionais”, a começar da City londrina. Mas esta não “precisa entrar em pânico”. Com a abertura do escritório do BNDES, “os brasileiros estão chegando”.
E a “Fortune” lançou sua edição indiana dando, como segundo destaque, “A longa sombra do Brasil”. No subtítulo, pergunta: “A obsessão da Índia com a China fechou os olhos para a ascensão do Brasil?”.
Fervor
O “Investment Week” postou longa entrevista com um diretor do fundo Allianz Global Investors, que passa a priorizar o Brasil. Ele diz querer “participar do grande potencial de crescimento da economia brasileira e seu mercado de ações” -e acreditar que o país “está finalmente libertando o potencial que sempre teve”. Ressalta sua “animada classe média, sustentada pela alta nos empregos”. E em mais uma de muitas reportagens o “FT” noticiou ontem o “Fervor latino” de fusões e aquisições, “particularmente no Brasil”.
Bolha
Já o “Wall Street Journal” publicou que, “sem querer chover no desfile do Brasil, a história deveria deixar os brasileiros um pouco nervosos”. Lembra que a maior oferta de ações antes da Petrobras foi da japonesa NTT em 1987, “quando a ascensão do Japão à primazia econômica global era considerada inevitável”.
Por outro lado, o “FT Adviser” postou que, em avaliações à Associação de Empresas de Investimento (AIC), gerentes de fundos de instituições como JP Morgan e BlackRock “dizem que Brasil não é uma bolha”.

Marina será capa da revista Veja?

A direita vai apostar todas as suas fichas na tática de insuflar a candidata verde. Esta é sua única alternativa. No último domingo, Marina Silva foi capa da Folha, abordando um tema tão caro aos falsos moralistas: o “mensalão”. Quando ministra do Meio Ambiente, o mesmo jornal fez várias acusações de corrupção contra a sua gestão.



Se bobear, a última edição da revista Veja antes do pleito deste domingo terá estampada na capa uma enorme e simpática foto de Marina Silva. Já o Jornal Nacional, da TV Globo, aproveitará os últimos dias da campanha para expor imagens positivas da candidata. Tudo isto porque a direita ficou animadinha com a última pesquisa Datafolha, que aponta o crescimento da presidenciável verde como única chance possível para forçar o segundo turno das eleições.

Advertência: liberdade de imprensa é enfiar o dedo na cara do presidente


Este domingo, 26, vai entrar para a história do jornalismo botocudo. Os jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, cada qual no seu quadrado, caíram do muro e tascaram porrada no Lula. Assim que é bom.

Cara a cara. Na bucha. Sem rodeios. Não gostam dele e pronto. O Estadão foi mais atrevido e manifestou apoio ao Serra. Não que não soubéssemos. Mas é melhor quando o óbvio fica claro. (ler AQUI)

Pena que o editorial de declaração de voto do Estadão seja tão mal redigido. A ocasião merecia mais solenidade. Não deviam deixar o dono escrever nessas horas. Pagam redator pra quê?

O editorial da Folha, na primeira página (para ler AQUI), todo pimpão, é mais limpinho, mas nem por isso deixa de ser meio doidão. Fica enrolando meia hora naquela conversinha de ser apartidário, independente e ruralista. Algo assim.

Só vai dizer a que veio no último parágrafo. A chefia mandou pegar pesado. Sem nenhum constrangimento, dão um pito no atual presidente. E na futura. Pelo visto, acreditam que tudo se resolve no primeiro turno.

Com um tom bem mal educado, descascam essa: "Fiquem ambos advertidos, porém, de que tais bravatas somente redobram a confiança na utilidade pública do jornalismo livre".
Depois, dão chilique de novo: "Fiquem advertidos de que tentativas de controle da imprensa serão repudiadas". Ui.

Se falam com o dirigente máximo da nação assim, imaginem como tratam os funcionários. E ainda vêm com essa conversinha de bravatas. Olha quem diz.

Teve gente que ouviu na sala mais imponente da Folha que o jornal daria a manchete que seria o tiro de misericórdia na campanha da Dilma. A bala de prata. Seria bem divertido ver isso.

Nada como a liberdade de imprensa. Só em um país democrático, no pleno estado de direito, jornais podem enfiar o dedo na cara do presidente da República. "Numa nice", como diria o Serra. Como tem que ser.

Declarar voto a favor e voto contra é positivo e transparente. Agora só faltam O Globo, a Globo e a Veja. Cada qual no seu quadrado, bem apertadinho.

Fiquem os leitores advertidos: imprensa livre é bom e eu gosto! Pena que estejam todos de um lado só. Para que ser livre, então?

O PROVOCADOR

Os que “defendem a democracia’

Por trás dessa “defesa”, há uma mutação; com esses defensores, a democracia não precisa de inimigos


Vladimir Safatle, Folha de S.Paulo


A reta final desta campanha presidencial talvez seja lembrada como o início de um certo realinhamento da política brasileira. Durante o governo Lula, vimos várias críticas às práticas políticas do consórcio governista. De fato, um dos pontos fracos do governo foi a ausência de vontade política capaz de ultrapassar os vícios institucionais da democracia brasileira, suas negociações obscuras, impronunciáveis, assim como de inaugurar um ciclo de aprofundamento das práticas de participação popular na gestão do Estado.

E o Índio, serviu para quê?

O candidato tucano à Presidência, José Serra, escolheu de Índio da Costa como vice para amalgamar a aliança com o DEM. Certo?

Mas o Índio era desafeto do presidente do partido, Rodrigo Maia, e, desde então, Serra e o DEM passaram a ter um relacionamento frio.

Então José Serra deve ter escolhido o Índio para melhorar sua situação no Estado do vice, o Rio de Janeiro. Certo?

Mas desde que o Índio foi escolhido, Serra não só não cresceu no Rio, como já foi ultrapassado pela verde Marina Silva.

Voltemos à pergunta do título: o Índio serviu para quê? - Poder Online

Não precisava ser assim


Editorial que poderia ter entrado para a história recente da democracia brasileira como exemplo de amadurecimento da liberdade de expressão, respeito ao processo eleitoral e à cidadania, acabou revelando todo o ódio de classe que a elite paulista nutre pelo projeto político petista para o Brasil.


Todo partido político tem direito a um projeto de governo. O PSDB de José Serra e Fernando Henrique Cardoso planejava, em 20 anos, fazer com que o Brasil esquecesse a era Vargas. Escolheu, para viabilizá-lo, a despeito do substantivo composto “social-democracia” em sua sigla, mero embuste semântico, o pensamento neoliberal.

O conceito de modernização com o qual o PSDB trabalhava nos anos FHC passava, necessariamente, pelas teses enunciadas pelo Consenso de Washington. O projeto tucano de desenvolvimento traduziu tal aparente consenso pela (i) estabilização macroeconômica via superávit fiscal, à custa do sucateamento dos serviços públicos, pela (ii) tentativa de realização das ditas reformas estruturais, traduzidas pelas (a) privatizações – que entregaram à iniciativa privada, diga-se de passagem, a preço de banana, a Vale do Rio Doce, destino do qual se safou, por pouco, a hoje primeira maior empresa petrolífera do mundo em lucro sobre faturamento, a Petrobras –, pela (b) redução do papel e da atividade normativa do Estado na economia – dinossauro ao qual recorreram, na recente bancarrota mundial, 9 entre 10 economistas antes neoliberais – e desregulamentação do mercado financeiro, a fim de atrair, pela terceira maior taxa de juros da economia mundial, o que também freava o consumo e mantinha a inflação sob controle, o capital especulativo internacional – grande responsável pela referida bancarrota –, e, por fim, pela (iii) retomada do investimento via iniciativa privada, donde a concentração de renda e de capital na mão de setores empresariais e a tentativa, incompleta, de quebra da coluna vertebral do sindicalismo via flexibilização das leis trabalhistas, o que praticamente anularia seu poder de barganha pela formação de um exército de mão-de-obra de reserva, a chamada “taxa natural” de desemprego.

Quem tem medo da democracia?

Toda a velha imprensa, que segue ai – FSP, Globo, Estadão, Veja – pregou e apoiou o golpe militar, compactuou com a destruição da democracia no Brasil e enriqueceu com isso. Compactuou inclusive com a destruição da Última Hora, o único jornal que sempre resistiu à ditadura. O mesmo aconteceu com a maior parte da elite política da época - uma parte da qual ainda anda por aí, quase todos dando continuidade ao mesmo papel de inimigos da democracia, mesmo se disfarçados de democratas.

O momento mais trágico da história brasileira – o do golpe de 1964 e da instauração do pior regime político que o Brasil já teve, a ditadura militar – foi o momento da verdade da democracia. O momento revelou quem estava a favor e quem estava contra a democracia. E quem pregava e apoiava a ditadura. Foi um divisor definitivo de águas. O resto são palavras que o vento leva. A posição diante da ditadura e da democracia, na hora em que não havia outra alternativa, em que a democracia estava em risco grave – como se viu depois - foi decisiva para definir que é democrata e quem é ditatorial no Brasil.

Toda Mídia - "Uau Paulo"

Bolsa do Brasil é agora a segunda maior do mundo", postaram "Wall Street Journal" e outros no final da semana. O "Financial Times" descreveu como Lula "levantou salvas e aplausos na Bolsa após concluir o maior lançamento jamais realizado". Sob o título "Investidores correm em bando ao Brasil", o "Guardian" abriu descrevendo como "por anos 'Lula' foi palavrão na Bolsa de São Paulo", mas "os tempos mudaram". Os jornais ecoam declarações de Lula no pregão, como "não foi em Frankfurt, não foi em Londres, não foi em Nova York. Foi aqui em São Paulo!".
O "WSJ" foi além, publicando no sábado uma comparação entre a oferta da Petrobras e a operação prevista na GM. São empresas "emblemáticas de seus países", mas hoje, sob controle do governo, a montadora não tem a mesma perspectiva. Sua oferta visa reduzir o controle estatal, o que, diz o "WSJ", "é elogiável, mas não é estímulo para venda forte".


A parte difícil Como outros pelo mundo, também o "New York Times" noticiou "o maior lançamento de ações da história, armando a Petrobras com o dinheiro necessário para implantar seu ambicioso plano".
A "Economist" postou que não é exagero descrever a operação da Petrobras como "um grande sucesso", porém "agora vem a parte difícil" _o que inclui levantar ainda mais dinheiro, achar gente qualificada etc.

Abominação O investidor Mark Mobius falou à Bloomberg que a oferta da Petrobras é "abominação" que desrespeita os acionistas minoritários e pode indicar que os IPOs estão sobrevalorizados no mundo.
Já Will Landers, do fundo BlackRock, avaliou que "o fato de a Petrobras ter sido capaz de levantar a maior operação jamais realizada, a dez dias da eleição presidencial, mostra o quanto este mercado avançou".


ESTRATÉGIA
A Escola de Guerra do Exército dos EUA publicou estudo de 86 páginas sobre os "Dilemas da Grande Estratégia Brasileira" -a "grande estratégia de Lula" para "posicionar o Brasil como líder de uma América do Sul unida". Em suma, " foi bem-sucedida em elevar o perfil", mas "expôs dilemas estratégicos" como "as tensões crescentes com os EUA"

Nas coxias Do indiano "Business Standard" à alemã Deutsche Welle, ecoa o novo esforço conjunto de Índia, Alemanha, Japão e Brasil para reformar o Conselho de Segurança. O chanceler alemão vê "boas chances".
Já o "FT" deu a reportagem "Economias em desenvolvimento à espera nas coxias", sobre o esforço por maior representação nas organizações financeiras para os emergentes, cuja "influência no palco político já pode ser vista no G20".

Nas arábias O mesmo "FT" noticiou de Ramallah que a "Autoridade Palestina abre negociações comerciais com Mercosul". O primeiro-ministro Salam Fayyad "embarcou no esforço de preparar o caminho para a independência" do país.
"National" e "Gulf News", dos Emirados Árabes Unidos, deram que o país "está pronto para comprar aviões militares do Brasil", citando o cargueiro KC-390, parte de um amplo "acordo de defesa" entre as nações.

// FHC VS. LULA
Sábado, a coluna "Almoço com o FT" foi com o "rei filósofo" FHC, no restaurante Carlota, em Higienópolis. A longa entrevista ao correspondente Jonathan Wheatley ecoou na manchete do Globo Online já no sábado, "Fernando Henrique: 'Eu fiz as reformas. Lula surfa na onda'".
Entre outras frases do ex-presidente, a cobertura brasileira destacou uma crítica à oposição, que "errou a mistificar Lula", e sua opinião de que Lula "não é nenhum revolucionário".

'O "Estado" apoia a candidatura de José Serra à Presidência da República.'
Do editorial "O mal a evitar", do jornal "O Estado de S. Paulo", ontem.

A última hora

Neste domingo, a apenas uma semana da eleição presidencial, temos uma parte menor do sistema político, uma parte importante (mas minoritária) da sociedade e a maioria da “grande imprensa” em torcida animada para que a “última hora” faça com que os prognósticos a respeito de seu resultado não se confirmem.


Por Marcos Coimbra

É natural que todos os candidatos, salvo Dilma, queiram que alguma reviravolta aconteça. Os três partidos que dão apoio a Serra, o PV de Marina Silva, os pequenos partidos de esquerda, todos torcem pelo “fato novo”, a “bala de prata”, algo que a golpeie. Do outro lado, a ampla coligação que Lula montou para sustentar sua candidata (e que formará, ao que tudo indica, a maioria do próximo Congresso) espera que nada altere o quadro.

Hoje, Dilma lidera em todas as regiões do país, jogando por terra as análises que imaginavam que as eleições consagrariam um fosso entre o Brasil “moderno” e o “atrasado”. Era o que supunham aqueles que leram, sem maior profundidade, as pesquisas, e acreditavam que Serra sairia vitorioso no Sul e no Sudeste, ficando com Dilma o voto do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste. Não é isso que estamos vendo.

Segundona, numa boa...

Ex-guerrilheira caminha para ser uma das mulheres mais poderosas do mundo

O jornal The Independent destacou neste domingo que o Brasil se prepara para eleger no próximo final de semana a "mulher mais poderosa do mundo" e "uma líder extraordinária". As pesquisas mostram que ela construiu uma posição inexpugnável – de mais de 50%, comparado com menos de 30% - sobre o seu rival mais próximo, homem enfadonho de centro, chamado José Serra. Jornal também afirma que candidata tem sofrido ataques em uma campanha impiedosa de degradação patrocinada pela mídia brasileira.

The Independent

A mulher mais poderosa do mundo começará a andar com as próprias pernas no próximo fim de semana. Forte e vigorosa aos 63 anos, essa ex-líder da resistência a uma ditadura militar (que a torturou) se prepara para conquistar o seu lugar como Presidente do Brasil.

Como chefe de estado, a Presidente Dilma Rousseff irá se tornar mais poderosa que a Chanceler da Alemanha, Angela Merkel e que a Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton: seu país enorme de 200 milhões de pessoas está comemorando seu novo tesouro petrolífero. A taxa de crescimento do Brasil, rivalizando com a China, é algo que a Europa e Washington podem apenas invejar.

Sergio Fausto responde a texto de André Singer sobre o lulismo

A outra face do lulo-petismo

A recorrente associação de Lula com Getúlio Vargas significa antes o seu batismo nas águas do populismo nacional-estatista, marcado por práticas que negam a história do presidente e do PT, como a cooptação de partidos, de grandes grupos empresariais e das classes baixas, num processo de enfraquecimento da democracia.

SERGIO FAUSTO na Folha

André Singer abre seu artigo "A história e seus ardis", publicado domingo passado neste caderno (leia em aqui), descrevendo um suposto encontro entre Brizola e Lula aos pés do túmulo de Getúlio Vargas, em São Borja (RS). Brizola teria pedido a Lula que cumprimentasse Vargas. Não se sabe qual foi a reação do atual presidente.
Pouco importa se a história é semirreal ou totalmente imaginária. Toda ideologia, pequena ou grande, precisa de um mito fundador. Para Singer, a cena mítica simboliza o reatamento de fios rompidos da história brasileira.
As consequências se fariam sentir anos depois, com Lula na Presidência. Vale citá-lo: "Ao constituir, desde o alto, o povo em ator político, o lulismo retoma a combinação de autoridade e proteção aos pobres que Getúlio encarnou".
Singer esquece de dizer que o reatamento com a herança de Vargas implicou ruptura com a própria história original de Lula e seu partido, que surgiram em oposição ao controle corporativo da sociedade pelo Estado.
Em São Borja, dá-se o batismo de Lula nas águas da velha tradição do populismo nacional-estatista. Não poderia haver melhor padrinho do que Brizola, quem mais encarnou a vertente caudilhesca dessa tradição.

Vamos esperar que o próximo prefeito assuma

O Kassab não tem mais jeito. Esse homem precisa casar! Quem sabe assim para de fazer bobagem. Ele tem que dar uma dentro, pelo menos. Agora cismou de fechar as boates da Praça Roosevelt. O homem realmente implica com a coisa.

Não bastasse o quanto ele atormentou o proxeneta careca do Bahamas, lembra, o Oscar Maroni? Ficou tão em cima do cara que até na cadeia o infeliz foi parar, acusado de explorar a prostituição. Inocente, disse depois a Justiça.

Sabe aquela lorota de defensor dos bons costumes? Ah, cansei. Jânio Quadros, pelo menos, era bem-humorado e só fazia essas cretinices quando estava sóbrio.

Mas sempre tem a turma que gosta de proibir a felicidade alheia. E que acha possível uma metrópole como São Paulo ser administrada como uma diocese do interior.

O projeto de revitalização da Praça Roosevelt é usado como justificativa para a desapropriação das boates Kilt e My Love. Puro xaveco de moralista.

A prefeitura tem sido tão incompetente nessa reforma que o Banco Interamericano de Desenvolvimento, financiador do projeto, cortou parte do dinheiro reservado. Fora os R$ 2,7 milhões desviados. Isso sim, uma imoralidade.

Essa obra simplesmente vai ficar no papel. Está trancada em algum armário, e de lá não sai.

Mas o prefeito não perde a oportunidade de fazer demagogia. Como não tem o que mostrar, vive de factóides. Esse é mais um, com uma agravante.

A prefeitura nunca fez nada pela praça, que sofre um terrível processo de degradação. Quem segura as pontas e impede que o local seja dominado por nóias e bandidos, é exatamente o pessoal das boates.

Junto com os bares e teatros vizinhos, dão vida e segurança ao pedaço. Pois são eles sempre os que recebem multas, autuações e pressão do poder público omisso e irresponsável. Que beleza.

A contagem regressiva para que Kassab saia do cargo é o que resta para a cidade. Uma hora acaba essa frescura toda. Já que o Kassab não faz nada, vamos esperar que pelo menos o próximo prefeito assuma. Ui.

Sinais

Todo poder tem limite, editorial da Folha de S.Paulo, 26/09/2010

Os altos índices de aprovação popular do presidente Lula não são fortuitos. Refletem o ambiente internacional favorável aos países em desenvolvimento, apesar da crise que atinge o mundo desenvolvido. Refletem,em especial, os acertos do atual chefe do Estado.
Lula teve o discernimento de manter a política econômica sensata de seu antecessor. Seu governo conduziu à retomada do crescimento e ampliou uma antes incipiente política de transferências de renda aos estratos sociais mais carentes.A desigualdade social, ainda imensa, começa a se reduzir. Ninguém lhe contesta seriamente esses méritos.
Nem por isso seu governo pode julgar-se acima de críticas.O direito de inquirir,duvidar e divergir da autoridade pública é o cerne da democracia, que não se resume apenas à preponderância da vontade da maioria.
Vai longe, aliás, o tempo em que não se respeitavam maiorias no Brasil. As eleições são livres e diretas, as apurações, confiáveis -e ninguém questiona que o vencedor toma posse e governa.

Por que a grande mídia e a oposição resolveram jogar sujo

A grande mídia e a oposição não compreenderam que o país entrou em um novo período histórico e, desta forma, correm o risco de ficarem falando sozinhas por um bom tempo. As pessoas não estão votando em personalidades, como supunham os próceres da campanha Serra.



A grande mídia e a oposição não compreenderam que o país entrou em um novo período histórico e, desta forma, correm o risco de ficarem falando sozinhas por um bom tempo. As pessoas não estão votando em personalidades, como supunham os próceres da campanha Serra. Estão votando no futuro - no seu futuro e no futuro do país. A disputa eleitoral de 2010 não ficará marcada pelo “confronto de biografias”, como imaginavam os tucanos e seus aliados no início da campanha. Derrotados em seus próprios conceitos; perplexos diante de uma ampla maioria que lhes vira as costas, só lhes resta o golpe, que não tem força pra dar.

Revisitemos as declarações de Serra e de diversos articulistas da grande mídia simpáticos à sua candidatura ao longo de 2009 e início deste ano. Sem esforço, perceberemos que sua estratégia eleitoral baseava-se na tese do “contraste de biografias”. Inebriado por sua vaidade, Serra alimentou a certeza de que a comparação de sua trajetória política com a de Dilma seria a senha para a vitória. Ocorre que o povo brasileiro rejeitou a fulanização do debate. Optou por contrastar os projetos de Brasil disponíveis e sepultou as pretensões tucanas nestas eleições.

Mídia Demo Tucana sai do armário e assume: O mal a evitar é a Democracia


A sete dias das eleições, o jornal O Estado de São Paulo adota a sugestão feita pelo Presidente Lula que, em recente entrevista ao Portal Terra, aconselhou a mídia demotucana a assumir honestamente a defesa de seu candidato nas eleições, sem insistir na patética simulação de uma eqüidistância jornalística ausente das páginas do noticiário. A retardada coragem do jornal paulista é digna de registro. Não tanto pelo impacto residual neste pleito, mas pelo efeito espelho capaz de desmascarar simulacros equivalentes, ou piores –caso da Folha, por exemplo, que insiste em evocar a condição ‘jornalística ‘ de uma pauta em intercurso explícito com a propaganda demotucana. Há, como se sabe, uma longa fila de outros veículos agarrados ao armário das dissimulações nesse momento. Nisso se diferencia a família Mesquita ao publicar o editorial deste domingo, para dizer que, sim, sempre teve candidato na disputa sucessória de 2010. A diferença com veículos como Carta Maior, por exemplo, que registrou seu apoio a Dilma Rousseff logo no início da corrida eleitoral, não é, todavia, apenas de escala temporal. A verdade é que no caso do jornal da família Mesquita –mas também da Folha, Globo etc-- persiste uma dissimulação de fundo mesmo quando se admite o engajamento. ‘O Mal a Evitar’ , titulo do manifesto de apoio a Serra publicado pelo Estadão, vem se juntar a uma longa lista de apoios antecedentes do mesmo gênero, expressos com a mesma ressalva mitigatória pelo jornal em diferentes momentos históricos. Incluem-se nessa modalidade de ‘ação preventiva e profilática’ o apoio dado pelas convicções liberais do Estadão ao sangrento golpe desfechado em 1973 pelo General Pinochet contra o governo democraticamente eleito do socialista Salvador Allende, no Chile. ‘Mal a evitar’’, assim terá sido computado, igualmente, na complacente escala de valores liberais da família Mesquita, a derrubada do governo de João Goulart pelo golpe de 64. Por uma dessas finas ironias da história, o jornal seria uma das vítimas da ditadura que ajudou a instaurar em defesa das 'instituições ameaçadas'. Infelizmente, como sevê neste pleito, o revés foi contabilizado na rúbrica dos acidentes de percurso. Ontem, como hoje, na concepção que ombreia todos os veículos da chamada grande imprensa, o ‘mal a evitar’ será sempre a própria democracia quando passa a ser entendida como espaço de cidadania daqueles que nunca tiveram espaço na economia e na política do país. É disso que se trata, admite o editorial, quando explicita a necessidade de ceifar pela raiz o mal exemplo que Lula representa para a massa ‘hipnotizada’ (o termo utilizado por Caetano Veloso foi emprestado pelo editorialista), ao afrontar aqueles que, historicamente, sempre foram e assim pretendem continuar, tutores inatacáveis das finalidades e da abrangência da democracia brasileira.

Domingo....

O mal a evitar

Editorial O Estado de S.Paulo, 26 de setembro de 2010

A acusação do presidente da República de que a Imprensa “se comporta como um partido político” é obviamente extensiva a este jornal. Lula, que tem o mau hábito de perder a compostura quando é contrariado, tem também todo o direito de não estar gostando da cobertura que o Estado, como quase todos os órgãos de imprensa, tem dado à escandalosa deterioração moral do governo que preside. E muito menos lhe serão agradáveis as opiniões sobre esse assunto diariamente manifestadas nesta página editorial. Mas ele está enganado. Há uma enorme diferença entre “se comportar como um partido político” e tomar partido numa disputa eleitoral em que estão em jogo valores essenciais ao aprimoramento se não à própria sobrevivência da democracia neste país.

Cureau, a censora


Quem deveria zelar pela lisura do embate eleitoral endossa a caluniosa afronta que há tempo é cometida até por colegas jornalistas ardorosamente empenhados na campanha do candidato tucano à Presidência. A ilação desfraldada a partir do apoio declarado, e fartamente explicado por CartaCapital, à candidatura- de Dilma Rousseff revela a consistência moral e ética, democrática e republicana dos acusadores, ou por outra, a total inconsistência. A tigrada não concebe adesão a uma candidatura sem a contrapartida em florins, libras, dracmas. Reais justificados por abundante publicidade governista

Permito-me sugerir à doutora Sandra Cureau, vice-procuradora-geral da Justiça Eleitoral, que volte a se debruçar sobre os alfarrábios do seu tempo de faculdade, livros e apostilas, sem esquecer de manter à mão os códigos, obras de juristas consagrados e, sobretudo, a Constituição da República. O erro que cometeu ao exigir de CartaCapital, no prazo de cinco dias, a entrega da documentação completa do nosso relacionamento publicitário com o governo federal nos leva a duvidar do acerto de quem a escolheu para cargo tão importante.

Refiro-me, em primeiro lugar, ao erro, digamos assim, técnico. Aceitou uma denúncia anônima para proceder contra a revista e sua editora. Diz ela conhecer a identidade do denunciante, acoberta-o, porém, sob o manto do sigilo condenado pelo texto constitucional e por decisões do Supremo Tribunal Federal. Protege quem, pessoa física ou jurídica, condiciona a denúncia ao silêncio sobre seu nome. Ou seja, a vice-procuradora comete uma clamorosa ilegalidade.

Marina, queridinha da mídia

Modelo Gisele Bündchen declarou voto a Marina Silva
De jurásica, ecologista fundamentalista, que travava o desenvolvimento do país, Marina virou a nova queridinha da mídia – lugar deixado vago por Heloisa Helena. Mas o fenômeno é o mesmo: desespero da direita para chegar ao segundo turno e incapacidade de alavancar seu candidato. Daí a promoção de uma candidata que, crêem eles, pode tirar votos da Dilma, para tentar fazer com que a derrota não seja tão acachapante, levando a disputa para o segundo turno e dando mais margem do denuncismo golpista de atuar.


Marina, por sua vez, para se prestar a esse papel, se descaracterizou totalmente, já não tem mais nada de candidata verde, alternativa. Não tem agenda própria, só reage, sempre com benevolência, às provocações da direita, seja sobre os sigilos bancários, a Casa Civil ou qualquer insinuação da direita.

A bala de prata era verde

A direita brasileira raspou o fundo do tacho e chegou à seguinte conclusão: Marina é o último cartucho de Serra. Todas as pesquisas divulgadas até sexta-feira convergem para um ponto de equilíbrio sedimentado: Dilma tem 50% das intenções de voto (oscilou apenas um ponto para baixo depois da fuzilaria das últimas duas semanas). Serra patina em torno de 25%. Parece difícil ir além por suas próprias "qualidades. Depois de tudo que tentou, a boa vontade estatística, leia-se, o versátil Ibope do transformista Carlos Montenegro, lhe deu uma oscilação de amigo do peito de mais 3 pontos. Anima a militância da página 2 da Folha, mas é insuficiente. ".

A Escola Goebbels





O mais grave é que o autoritarismo monopolista da mídia é apresentado como se fosse a apoteose da democracia; a informação controlada aparece como pluralismo ideológico; a versão única dos fatos, transmitida por satélite para todos os cantos do planeta, confunde-se com os próprios fatos, como se não houvesse outra interpretação possível.

José Arbex Jr.

Filhinho de papai pode ser educado na cadeia

Não tem gentinha pior do que filhinho de papai. É a manifestação mais arrogante de como a vida pode ser injusta. E de como ricos em geral não sabem educar seus filhos.

Sempre lembro do multibilionário Bill Gates comentando que faz questão de que seus rebentos adolescentes lavem a louça após o jantar. Claro que é simbólico. Afinal, eles têm dezenas de empregados domésticos.

Aqui no Brasil isso soaria ridículo entre a granfinagem. Um jovem trabalhar, então, seria motivo de vergonha, até para alguns pais manés da classe média deslumbrada.

E assim vemos um país criando mais uma geração de jovens afortunados e cruéis. Os mesmos que botam fogo em mendigos e estupram meninas de 13 anos como se a maldade fosse um direito de senhor feudal.

O caso dos dois estupradores de Santa Catarina é exemplar (leia mais aqui e aqui). Mas no sentido de ser exemplo de como a impunidade é um valor passado de pai para filho. Eles aprenderam a não ter medo da Justiça com quem?

Um é filho de delegado. Autoexplicativo. O outro, do poderoso Sérgio Sirotsky, diretor da RBS, que controla jornais, rádios e as emissoras de tevê afiliadas da Rede Globo em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nenhuma surpresa. Eles sabem o que fazem. E tripudiam.

Tão covarde quanto a sevícia de uma menina indefesa é a omissão da imprensa. O silêncio de 40 dias desde o crime tem que ser encoberto pelo clamor de quem ainda sente vergonha da elite sórdida deste país.

A sociedade tem que se mobilizar, e vigiar, para garantir que sejam punidos. Sabemos que a lei brasileira é uma mãe com deliquentes precoces. No máximo, vão cumprir as tais medidas socioeducativas.

Que seja. Melhor do que continuarem achando que são intocáveis em suas vidas desprezíveis. Ou que podem cuspir na nossa cara. Que somos babacas, pobretões.

Mas eu torço para que não se confundam justiça e vingança. Os pais desses bandidos pirralhos devem saber como estuprador é tratado na cadeia. É um crime imperdoável.

Porque os miseráveis que se amontoam nas prisões desse país têm alguma decência.

A mídia comercial em guerra

O que está em jogo neste enfrentamento entre a midia comercial e Lula/Dilma é a questão: que Brasil queremos? Aquele injusto, neocoloncial, neoglobalizado e, no fundo, retrógrado e velhista; ou o Brasil novo com sujeitos históricos novos, antes sempre mantidos à margem e agora despontando com energias novas para construir um Brasil que ainda nunca tínhamos visto antes?

Leonardo Boff

Sou profundamente pela liberdade de expressão em nome da qual fui punido com o "silêncio obsequioso" pelas autoridades do Vaticano. Sob risco de ser preso e torturado, ajudei a editora Vozes a publicar corajosamente o "Brasil Nunca Mais", onde se denunciavam as torturas, usando exclusivamente fontes militares, o que acelerou a queda do regime autoritário.

Esta história de vida me avalisa fazer as críticas que ora faço ao atual enfrentamento entre o Presidente Lula e a midia comercial que reclama ser tolhida em sua liberdade. O que está ocorrendo já não é um enfrentamento de ideias e de interpretações e o uso legítimo da liberdade da imprensa. Está havendo um abuso da liberdade de imprensa que, na previsão de uma derrota eleitoral, decidiu mover uma guerra acirrada contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Rousseff. Nessa guerra vale tudo: o factóide, a ocultação de fatos, a distorção e a mentira direta.

Me diga como acabou assim?

É a dúvida dos tucanos às vésperas daquela que pode ser a maior derrota da história do partido. O PSDB avalia onde errou e busca um caminho para a reconstrução

Alan Rodrigues - IstoÉ

 

img3.jpg
PROMESSAS
Na reta final, Serra abandonou a austeridade
fiscal e disse que vai ampliar o salário mínimo e o Bolsa Família
selo.jpg
Se as pesquisas de intenção de voto para presidente da República forem confirmadas nas urnas no domingo 3, o candidato do PSDB, José Serra, sairá da disputa eleitoral bem menor do que entrou. Em dois meses de campanha – e pouco mais de 40 dias de horário eleitoral gratuito – os institutos de pesquisa indicam que o tucano perdeu mais de 15 milhões de eleitores. Em 30 de junho, um dia antes do início oficial da campanha, Serra aparecia empatado com Dilma Rousseff, com 35% das intenções de voto, segundo o Ibope. Na pesquisa de 17 de setembro, Serra equilibra-se em 25%, enquanto sua concorrente é a preferida por mais de 50% dos eleitores. Para os especialistas em eleições, o bom momento econômico e a alta popularidade do presidente Lula não são suficientes para explicar como os tucanos conseguiram perder quase 190 mil votos por dia, desde o início oficial da corrida pelo Planalto. “O PSDB não se preparou para o pós-Lula”, diz o cientista político Marcos Figueiredo, diretor do Instituto Universitário de Pesquisa do Rio de Janeiro (Iuperj). “Foram muitos os erros. Um papel vexatório”, afirma o sociólogo Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise. “O Serra não soube e não sabe o que falar para o eleitor”, diz.

Sábado, salve, salve!

Filme sobre Lula deveria ganhar Oscar de defeitos especiais

O filme Lula, o Filho do Brasil foi escolhido por uma comissão de especialistas para representar nosso país na disputa por uma vaga ao Oscar de Melhor Estrangeiro em 2011. O longa foi eleito por unanimidade.

Enlouqueceram ou são puxa-sacos mesmo? Que vergonha. O filme é de uma ruindade constrangedora. Vamos ser motivo de chacota internacional.

Eu tentei gostar do filme. Juro. Mas não dá. É ruim demais. Não se salva nada. Roteiro, diálogos, direção, atores. Nada.

O diretor, Fábio Barreto, esperava fazer 10 milhões de espectadores. Só se tivessem distribuído Bolsa Família na porta do cinema. E energético. Não chegou aos 3 milhões. Fiascou.

Na época do lançamento, a oposição ficou preocupada. Para variar, disseram que era propaganda política. Bobagem. Se dependesse disso, o Lula não elegeria nem seu sucessor na Presidência.

A preocupação em não mostrar nada negativo torna o filme uma mentira. Assassina a história do Brasil, humilha a resistência à ditadura, transforma seres humanos em caricaturas patéticas.

É preciso estar muito deprimido para se emocionar com a história de um homem sem nenhum conflito, nenhum defeito, nenhuma fraqueza. Nenhum caráter?

Mas a trapaça é mal feita e Lula se torna um chato, um bundão, um pelego, um zé ninguém. Jamais saberemos quanto o roteiro se baseou na vida real.

O filme foi feito sem um único centavo de dinheiro público. Mas nos patrocínios estão os mais notórios financiadores de campanhas políticas do país.

Piada pronta. No lugar da Lei Rouanet, a Lei do Colarinho Branco: “Este filme foi totalmente produzido com recursos de Caixa 2”.

Agora, raiva mesmo dá para sentir lá pelas tantas. Minutos depois de catar a Cléo Pires no tanque da laje, o Lula encontra a Juliana Baroni e diz que ela é a mulher mais linda que ele já conheceu. Dá para acreditar numa mentira dessas?

O Provocador

Lula devolve a Petrobrás aos brasileiros

Nesta sexta-feira, o Presidente Lula vai a Bolsa de Valores de São Paulo; não para vender o patrimônio público, como fez o governo tucano nos anos 90, mas para coroar o êxito no maior lançamento de ações da história econômica mundial. A capitalização da Petrobrás eleva a participação do Estado brasileiro no controle acionário da empresa e reverte o desmonte arquitetado pela gestão FHC destinado a fatiar e pulverizar o comando da 6º mais importante empresa de eenergia do planeta e a mais estratégica do Brasil. O sucesso assegurado da capitalização viabiliza a soberania brasileira na exploração das jazidas do pré-sal, reconhecidas como a mais importante descoberta de petróleo dos últimos 30 anos. As forças e interesses reunidos em torno da coalizão demotucano mais de uma vez manifestaram sua preferencia por entregar a guarda desses recursos à 'eficiencia dos livres mercados', leia-se, às petroleiras internacionais. Na votação dos marcos regulatórios que asseguram o controle nacional sobre prováveis 50 bilhões de barris de petróleo armazenados no fundo do oceano, o sendaor Álvaro Dias (PSDB-PR), cogitado como vice de Serra, foi categórico: 'Resistiremos o máximo'. O Presidenciável não deixou por menos. Serra insistiu até o último minuto no adiamento dessa decisão e sinalizou que poderia revertê-la , se vitorioso nas urnas. Acima de tudo , porém, o que o ex-governador de SP mais temia era o simbolismo histórico explosivo, intrinsecamente desfavorável a sua candidatura, condensado na cerimonia protagonizada por Lula nesta sexta-feira que, a nove dias das eleições, contrapõe, objetivamente, dois projetos de país.
Carta Maior, 24-09)
 

2leep.com
powered by Blogger | WordPress by Newwpthemes | Converted by BloggerTheme