Reinaldo Azevedo não vai muito com a minha cara, não

Blog NA PRÁTICA A TEORIA É OUTRA



Me mandaram um texto em que o Reinaldo Azevedo demonstra estar meio chateado comigo:

Dia desses, um rapaz da Folha entrevistou um blogueiro do PT que, segundo ele, é um exemplo de formosura na Internet porque nem é da turma que acusa os outros de “petralha” — referência óbvia a este escriba — nem é da turma que acusa conspiração da imprensa golpista (aquela do Franklin Martins). Um leitor me mandou o que esse exemplo de grandeza ética escreveu sobre mim em seu blog: “(…) Se o dono da Veja fosse um furúnculo cover da Lady Gaga no suvaco de um zebu nos estertores finais de seu sufocamento por gases internos, ainda seria melhor que o Reinaldo Azevedo.” É o blogueiro que o repórter da Folha recomendou aos leitores do jornal como exemplo de equilíbrio. Ao menos não o recomendou como estilista…

Sujeito sem senso de humor, rapaz. Bom, em primeiro lugar, se a Folha quisesse fazer de mim exemplo de formosura, não teria colocado minha foto ilustrando a reportagem. Em segundo lugar, já me disseram muitas vezes que sou ideologicamente moderado, mas nunca que o fosse temperamentalmente. Em terceiro lugar, ser moderado não é ser tímido, é ir pra guerra, mas por objetivos factíveis. E, finalmente, em quarto lugar, gosto muito desse trecho que ele cita, tinha me esquecido dele, agradeço a lembrança. É exatamente o que penso sobre Reinaldo Azevedo, sobre zebus, sobre furúnculos, e sobre a Lady Gaga (que tem umas músicas boas, inclusive aquela “Alejandro”, em cujo clipe tem coreografia do grupo de dança “Coturno Noturno”).


Mais três coisas:

A primeira é que a citação é no contexto de um post sobre gente de esquerda que está enchendo o saco do Diego Escoteguy, da Veja, no twitter. É o autor da reportagem-denúncia sobre a Erenice, que pode estar errada, pode estar certa (o filho era lobista, mesmo, se entendi direito o noticiário), mas não é assim que se discute. O cara escreveu o texto dele, se você não gostou, escreva um texto no seu blog criticando o cara (como eu fiz outro dia sobre outro artigo da Veja). Ir lá encher o saco do sujeito no Twitter é como parar ele na praia para reclamar, o que, convenhamos, é ser muito chato.

A outra coisa que eu tenho a dizer é notar que essa foi a maneira do RA citar a entrevista sem ter que entrar nos debates nela levantados. Fez muito bem, não teria como se garantir na discussão, e eu admiro um cara que sabe a hora de sair correndo.

E sobre a falta de educação: como eu já disse aqui antes, o sujeito bem-educado é tratado com boa educação; o sujeito mal-educado tem que saber que falta de educação é um esporte de contato.

O cara ofende quem quer, patrulha os outros jornalistas (como no caso recente da Lucia Hippolito), chama a Marilena Chauí de tati Quebra-Barraco, e vive, fundamentalmente, disso: alguém é capaz de citar uma idéia que Reinaldo Azevedo já tenha tido na vida, fora “Mendonça, tô com o projeto de uma revista aqui que vai dar o maior lucro!”?

Depois de anos fazendo isso, malandro, o que você queria? Que eu passasse talquinho no seu bumbum? Te fizesse cafuné? Te desse uma bitoca? Mandasse fazer um bolinho de marzipã com nossas iniciais entrelaçadas? Esculpisse um smurf violeta com sua cara abraçando um coração borrifado de alfazema? Que eu te desse um danoninho sabor amora, dengo e pônei? Informamos que a saída de emergência para marmanjo mal-educado metido a sensível é logo depois da loja de lembranças.

Tem que ter gente para inflamar a base, dos dois lados, reconheço isso, e respeito. É bom que tenha uma militância de direita vigiando o PT, e talvez fosse mesmo uma pena se a energia gerada pelo Olavo de Carvalho nos alunos e leitores dele fosse desperdiçada politicamente quando o OdC começou a radicalizar demais. Reinaldo Azevedo, por isso, tem uma função.

Agora, rapaz, não pense que você faz parte da discussão dos adultos. Vai lá conversar na sua caixa de comentários censurada onde uns coroas infantilizados em busca do pedófilo tardio te chamam de “tio”.

Me falta tempo livre, ou a consciência cívica do Hermenauta, e me sobra tempo já passado em biblioteca, para discutir com o Reinaldo Azevedo. Peço desculpa aos leitores por ter abordado o assunto, mas não tinha jeito. Aos leitores novos, juro que os interlocutores aqui costumam ser melhores.

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