Globo, Folha e Veja bem entrosados



O Jornal Nacional desta quinta-feira apresentou dez minutos de reportagens repercutindo as denúncias da revista Veja e do jornal Folha de S. Paulo contra o governo federal e a candidata do PT à presidência, Dilma Rousseff. Dez minutos sem contar os três dedicados aos dias de Dilma, José Serra (PSDB) e Marina Silva (PV), que, por razões óbvias, tiveram foco nas denúncias.


As duas reportagens que compõem esses dez minutos são bem diferentes. Uma é realmente uma reportagem de repercussão, trazendo explicações, fatos novos e uma visão televisiva e clara da história. A outra, porém, passa pouco de uma leitura literal da reportagem apresentada pela revista Veja.



A primeira dessas matérias, de Poliana Abritta, trata da saída de Erenice Guerra do governo. A agora ex ministra da Casa Civil, braço direito de Dilma quando a candidata ocupava o ministério, é uma das principais envolvidas nas denúncias. Essa reportagem é bem feita. Apresenta de forma clara as acusações, com gráficos que mostram as conexões de diversos funcionários de confiança com Erenice.

Também não força a barra na ligação de Erenice com Dilma, embora deixe claro, ao retomar a trajetória de Erenice, que a proximidade política entre as duas é grande. Não há críticas a fazer a essa matéria. É factual e aprofundada, na medida em que traz a trajetória política de Erenice e a forma como se chegou ao seu pedido de demissão.

A outra matéria, porém, é um exemplo claro da cumplicidade entre os veículos da mídia hegemônica na tentativa de derrubar a candidatura petista. Em quase oito minutos, a reportagem reproduz quase literalmente o que a Veja escreveu. É, digamos, uma versão televisiva da matéria de Veja, sem os recursos que a televisão poderia oferecer. Mais de metade do tempo é ocupada por imagens da revista, com os trechos destacados pela Globo se aproximando do telespectador, enquanto a voz em off lê. Só isso.

O repórter é Tonico Ferreira, e há também trechos de entrevista com Rubnei Quícoli, autor da denúncia publicada nesta quinta-feira pela Folha de S. Paulo, que completa as informações apresentadas pela Veja. Sem novidades. A matéria é cheia, sim, de imagens mostrando a Folha de S. Paulo e a Veja, sempre destacando trechos dos textos. A única novidade é, no final da matéria, uma entrevista com dois empresários que confirmam a denúncia de Quícoli.

Com exceção de uma passagem gravada por outro repórter e texto em off (o mesmo texto) lido por outro repórter, a mesma matéria foi veiculada também no Jornal da Globo. Veja, Folha de S. Paulo, Jornal Nacional e Jornal da Globo atuaram, portanto, em perfeita sintonia. As matérias da Folha e da Veja foram praticamente reproduzidas nos dois telejornais da Rede Globo. Tudo muito bem orquestrado.

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