SERRA NA VEJA: Vou quebrar contratos e instalar meritocracia


A revista Veja desta semana publica entrevista com José Serra acompanhada de um artigo de apoio a sua candidatura e de um risível artigo de um astrólogo "prevendo" a vitória de Serra . A entrevista é reveladora de algumas posições políticas de Serra, poucas em verdade, mas significativas de como o candidato do PSDB revela um autoritarismo e revanchismo significativo.

por Luis Favre, em seu blog com acréscimos do Vermelho

Confirmando que sua biografia é um constante pular de cargo em cargo, animado exclusivamente pela sua obsessão de “mandar” e ser presidente; José Serra proclama secamente que irá quebrar contratos, utilizar as emendas parlamentares para obter maioria no Congresso.

Serra diz também que pretende "introduzir o fator mérito" nas remunerações do funcionalismo público. A meritocracia, doutrina aplicada na gestão do governo paulista, sobretudo na área de educação, é amplamente criticada por especialistas por gerar enormes distorções e arrochar os salários da maioria dos servidores.

Serra também invoca seu passado junto a FHC para tentar agradar os banqueiros. Significativamente envia para eles o recado, via Veja: “como ajudei a erguer a mesa, jamais a viraria. As pessoas do sistema financeiro que realmente me conhecem sabem disso.”

Se daquele farto banquete de FHC e o sistema financeiro, Serra reivindica ter sido o ajudante de cozinha; do resto do legado tucano pretende distância.

Sobre o futuro, que tanto reivindica como sujeito eleitoral, a entrevista é cheia de banalidades e generalidades. Como quando evoca “No que se refere ao crescimento, nós precisamos de infraestrutura. As carências nessa área são dramáticas e representam um gargalo para o nosso desenvolvimento”.

O candidato que pretende falar exclusivamente do futuro -e apelidado por isso, pelos petistas, como “exterminador do futuro”- não se furta, na Veja, em atacar o governo Lula, inclusive em questões nas quais seu próprio balanço como governador de São Paulo são particularmente ruins: a segurança por exemplo, ou a educação.

Como a entrevista não questiona em nada a fala do candidato, é mais fácil. Serra pode falar de reduzir o gasto público, mas se furta de dizer onde vai cortar, fora quando evoca a quebra de contratos. Nenhuma palavra sobre a bancada do PSDB defender demagogicamente aumentos que aprofundam o déficit das aposentadorias, por exemplo.

Igualmente quando evoca o desequilíbrio externo e a balança comercial, qual seria o remédio do candidato? “Claro, nós temos reservas e temos tido entrada de capital, mas nove entre dez economistas se preocupariam com esse crescimento rápido do déficit externo.”
Manifestar em coro preocupação não demonstra visão ou capacidade para apresentar propostas, ao menos que o silêncio esconda o “intervencionismo” que muitos lhe atribuem. Estranhamente a Veja evita perguntar se Serra concorda com o presidente nacional do PSDB, que na mesma revista, disse claramente que iriam mexer no câmbio, nos juros e nos pilares macroeconomicos.

Por último, o candidato utiliza a entrevista para enviar uma isca para Aécio, proclamando ser contra a reeleição. Resta saber se o peixe mineiro acreditará na promessa, ou reagirá como enguia escorregadiça.

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