O fator Andrea Neves



Andréa, irmã de Aécio Neves, talvez o personagem pouco conhecido mais poderoso da política brasileira. Controla com mão de ferro todas as verbas publicitárias do Estado e age com uma desenvoltura e provincianismo assustadores: todo crítico é inimigo, e precisa ser calado, todo aliado é incondicional. Sua atuação é o oposto do que se vendeu como estilo Aécio de política.




Conseguiu, de fato, calar a imprensa mineira em todos os níveis. Se, por algum capricho da sorte, Aécio ascendesse a um protagonismo nacional, a truculência provinciana da irmã o exporia em dois tempos.

Em São Paulo, apesar da blindagem ampla da velha mídia, a mão pesada de Serra ganhou visibilidade na Internet e na rádio-corredor das redações, e conseguiu um feito visível: parte influente (embora numericamente não relevante) dos críticos de Serra não era necessariamente de apoiadores de Dilma, mas pessoas convencidas de que, com o poder federal na mão, Serra se tornaria uma ameaça real à liberdade de imprensa. Qualquer jornalista de São Paulo sabe disso.

As críticas contra Andrea não ganharam dimensão nacional pelo fato de o momento atual da campanha de Aécio estar circunscrito a Minas. Mas, pela blogosfera toda circulam há anos vídeos e informações não questionadas sobre sua mão pesada.

É uma unanimidade, tanto entre defensores quanto críticos do irmão, e tornou-se a parte mais vulnerável de Aécio e do PSDB mineiro.

Nas minhas andanças mineiras sempre testo o fator Andrea com meus interlocutores tucanos. Consigo apenas dois tipos de argumentos amenizadores. O primeiro, o de salientar o «bom coração» de Aécio (típica expressão mineira: Aécio é «boníssimo») e salientar que a irmã mineira tem vôo próprio, mas apenas devido aos inúmeros afazeres do boníssimo. Ou seja, tem o Aécio do bem. O Aécio do mal é a Andrea.

O segundo argumento – esse em favor da candidatura Anastasia – é que o primeiro ato dele seria desvencilhar o governo mineiro do fator Andrea. Nem sei se é fato ou não. Mas a insistência com que se brande esse argumento em particular mostra o desconforto geral causado pela mão pesada de Andrea.

Se quiser ter dimensão nacional e efetivamente algum poder de coesão no partido, em algum momento do futuro Aécio ainda terá que prestar contas da herança Andrea.

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