A Falha de S.Paulo e o João Valentão

Todo mundo tem um trauma de infância. Até hoje, tenho pesadelos com o João Valentão. Ele era o filho do jornaleiro da rua, um pirralho malvado e briguento que aterrorizava todo mundo na vizinhança.

Agia como se fosse o dono da bola e mandava no pedaço. Só brincava quem ele deixasse, o jogo que ele escolhesse, com regras que ele mesmo inventava. Se fosse contrariado, chorava feito um bebezão e depois partia pra porrada. Ganhava todas as discussões, claro.

Criança mimada é assim: quer tudo só pra ela. Não sabe dividir nada e acha que sempre tem razão. Não ser educado dentro de casa dá nisso.

Lembrei do João por causa da Folha de S.Paulo. É um grande jornal. Mas não soube crescer e virou um marmanjo, só que metido a valente e chorão.

Tanto que acha que liberdade de expressão é um brinquedinho de uso pessoal e intransferível. Não deixa ninguém nem chegar perto. Abre o berreiro.

Foi assim com a dupla de jovens jornalistas que criou o site Falha de S.Paulo, uma paródia divertida que esculhamba a opção envergonhada do jornalão pela candidatura de Serra.

A brincadeira não ficou nem duas semanas no ar. A Folha ficou de birra e mandou papai acionar um batalhão de advogados para fechar o playground alheio.

Como todo moleque dissimulado, fez biquinho e disse pro titio juiz que estavam usando a marca do jornal. Censura? Nananinanão, declarou a empresa que se considera independente, apartidária e ruralista. Ou algo assim.

No site interditado, há um editorial que diz: "Todos ainda poderão ser satirizados, menos vocês. Todos merecem liberdade de imprensa, menos quem não é da sua turma."

No meu bairro, cada um chamava sua patota e acertava tudo no meio da rua. Mas criança mimada só se arrisca quando o irmão mais velho está junto. Queria ver brigar com alguém do seu tamanho.

O Provocador

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