Amigos de Dilma


Ou os adversários de Dilma conseguem comprometê-la com alguma prova, ou ela chegará à eleição santificada



Por Jânio de Freitas

Dilma Rousseff caminha, aos empurrões, para o inesperado. Quis ser candidata e talvez, com a ajuda de vontades celestiais e sobretudo da divindade planaltina, tornar-se presidente da República. Ao que os fatos sugerem, não é só o que o destino lhe promete.
O que se passa cabe em uma equação simples: ou os adversários de Dilma conseguem afinal comprometê-la com alguma prova, ao menos com algum indício inexplicável, ou Dilma chegará à eleição santificada por uma pureza jamais imaginada entre tantas bandalheiras nacionais.
O bombardeio incessante na base do "filho da sucessora" ou "filho do braço direito" que "teria feito", e da responsabilidade por quebra de sigilos na Receita, e até de alimentar "atentados à democracia" (como disse José Serra na semana passada), ficam como acusações só por acusar. E o acúmulo dos seus insucessos compõe um atestado de idoneidade exemplar. Como efeito final, levam grande parte do eleitorado ao oposto do pretendido. O que já está captado em reportagens.
A José Serra e aos demais adversários ferrenhos de Dilma Rousseff só restam três semanas para conseguir que uma de suas novas ofensivas, ao menos uma, não se exponha como apelação nada dignificante para os autores.



A DÍVIDA

O editorial "Debate sem debate", na Folha de domingo, expôs com justeza o papel nefasto de coordenadores partidários e marqueteiros na redução dos confrontos de candidatos, em TV, a mínimas intervenções vazias e tediosas. Se os candidatos não têm o que dizer, e suas perguntas não buscam ideias mas embaraços, quem os conhece de perto os prefere calados.
Para nossa lástima, ainda estão programados debates sem debate nas próximas semanas. Para quê? Salvo talvez para Serra, que parece tomar o sentido de debate pelo som de bate, a melhor hipótese é que o programa convenha à TV. Nesse caso, já é tempo de as emissoras atenuarem a chatice adicional, e não menos intensa, de a cada 30 ou 60 segundos entrar a ladainha do "candidato fulano tem tantos segundos para perguntar, a candidata sicrana tem 60 segundos para responder", e por aí.
Não pode ser difícil imaginar algo mais inteligente. Ou, se não tanto, um pouco diferente, com anos e anos já de mesmismo. É o mínimo que as televisões devem aos espectadores.

SONHO

"É preciso segundo turno", "precisamos de segundo turno" -repete Marina Silva. Ainda não percebeu que, enquanto Serra liderava as pesquisas, a frase ajudava Dilma, segunda colocada; feita a inversão, a frase é propaganda para Serra.
O que a frase não diz é que Marina Silva sonha com sua chegada ao segundo turno. Seria uma gentileza se adequasse a convocação ou, se não é para si mesma, explicasse por que se precisa tanto de segundo turno -por certo tão insosso quanto o primeiro.

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