FHC prega golpe contra a Democracia


"A pregação golpista de FHC é a reação a uma derrota política estratégica da facção das classes dominantes e do imperialismo que ele representa. O rumo que adotaram, sob sua liderança, sofreu contundente derrota, fracassou por completo"

José Reinaldo Carvalho, site Vermelho:


Demorou. Mas, finalmente, a oposição neoliberal e conservadora liderada pelo PSDB e a mídia, diante da evidência de que os escândalos fabricados não repercutem a seu favor no eleitorado, que continua manifestando a tendência de votar em Dilma Rousseff e dar-lhe a vitória já no primeiro turno, apresentou as suas armas e desvelou seu discurso.

Através de ninguém menos do que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, pretenso líder da facção declinante da aliança PSDB-DEM, a oposição propôs com todas as letras um golpe político-jurídico, invocando a defesa da democracia e o combate ao “autoritarismo” do presidente Lula.



FHC não teve pejo de instar a suprema corte do país, o STF: “Acho até que caberia uma consulta ao STF porque, se você não tiver instrumentos para conter essa vontade política, fica perigoso”. FHC foi mais além: “Alguma instância tem de dizer que o presidente está extrapolando e abusando do poder político de maneira contrária aos fundamentos da democracia”.

O ex-presidente reagia, numa entrevista à Rede Mobiliza, portal de internet da facção de que faz parte, o PSDB, a uma elementar declaração de Lula em comício eleitoral, no qual o presidente conclamou o povo a “extirpar o DEM” da vida política brasileira. Para FHC, Lula agiu como “chefe de facção” e lançou contra o presidente o anátema de “autoritário”, que “quer o poder absoluto”. Comparou-o com o ex-líder fascista italiano Benito Mussolini, no que foi acompanhado por Rodrigo Maia, chefete do DEM, que insinuou uma identidade de Lula com Hitler.

Nada mais natural que na luta político-eleitoral o presidente da República, que é também o líder de uma grande corrente política vitoriosa, de esquerda e centro-esquerda, exorte a população a “extirpar” pelo voto o partido que encarnou como nenhum outro o conservadorismo, o direitismo e o reacionarismo das classes dominantes brasileiras - o DEM, ex-PFL, herdeiro da Arena, sustentáculo da ditadura militar, e da UDN da oposição a Getúlio Vargas e do golpe contra João Goulart.

Não é segredo para ninguém, no Brasil e mesmo além fronteiras, que se fosse constitucionalmente permitido, Lula venceria com folga uma terceira eleição. E que se não fosse tão estrito no respeito à Carta Magna e ao equilíbrio do processo político, ele teria, com respaldo popular, alterado a seu favor a norma. Porém, agiu com autenticidade democrática, rigor legal e apostou na evolução natural do curso político.

Contudo, não se pode exigir de Lula que dessa postura passasse à de um dirigente político omisso. A popularidade e a autoridade política que adquiriu impuseram-lhe a responsabilidade de conduzir o processo, o que envolveu a escolha da candidata, a articulação da aliança e obrigatoriamente envolve a participação direta da campanha, imprimindo-lhe tom, rumo e orientação.

Nada há de ilegal nem autoritário nisso. O estrebucho de FHC tem outro sentido. Primeiramente, está reagindo à derrota eleitoral do seu candidato, José Serra. Para isso mostra-se disposto a qualquer tipo de aventura, factoide, mentira, fraude e até mesmo golpe. A 15 dias do final da campanha está difícil, pois formou-se uma praticamente irreversível tendência no país de continuidade para seguir mudando, resultante do êxito do governo Lula, tanto mais evidente quando comparado ao desastre a que ele, FHC, levou o país durante o seu (des) governo (1995-2002). E em situações como esta é da natureza humana que se manifestem também patologias nos atores políticos, no caso em tela a inveja.

Mas não é apenas nem principalmente disso que se trata. A pregação golpista de FHC é a reação a uma derrota política estratégica da facção das classes dominantes e do imperialismo que ele representa. O rumo que adotaram, sob sua liderança, sofreu contundente derrota, fracassou por completo e inevitavelmente a resultante política disto é o ocaso dos partidos que concretizaram no parlamento e no governo semelhante orientação.

Passadas as eleições, com a provável vitória de Dilma, haverá ampla reorganização do quadro político, à direita e à esquerda. Protagonistas pessoais e legendas partidárias obrigatoriamente se reciclarão e assumirão novos papeis. É algo a conferir. O que parece certo é que o tempo de FHC, Serra, Bornhausen et caterva acabou. Daí a pregação do golpe via STF.

O Brasil, como qualquer outro país, tem suas peculiaridades políticas e as lideranças e partidos, suas idiossincrasias. Fatos de outras latitudes não vão obrigatoriamente se repetir no país. Mas nunca se deve subestimar que a tentação golpista tem sido frequente nas formas de reagir das classes dominantes e do imperialismo no atual quadro político na América Latina, em que predomina a tendência democrática, popular, progressista e anti-imperialista.

Para citar apenas alguns emblemáticos exemplos, em 2002, na Venezuela, tentaram tirar do poder o presidente Chávez, legitimamente eleito com esmagadora maioria, alegando combater seu “estilo autoritário”; em 2008, o imperialismo e a elite racista e neocolonial boliviana tentaram o “golpe cívico”, contra o indígena Evo Morales e em 2009 consumou-se um “golpe constitucional” em Honduras, em que se mancomunaram o Legislativo e o Judiciário para interditar uma consulta popular sobre emendar ou não a Constituição.

A eleição de Dilma Rousseff abre caminho para a consolidação da democracia, para um maior protagonismo das forças populares e de esquerda, para acumular forças no combate às classes dominantes retrógradas e ao imperialismo. E para sepultar políticos e partidos reacionários, como FHC e seus liderados, o PSDB e o DEM.

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